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Meteorologista e professor da UFOPA fala sobre possíveis causas das mudanças climáticas na região
Alex Santos da Silva, professor do curso de Ciências Atmosféricas da UFOPA -
Créditos: Reprodução/Video/UFOPA
A seca na região Amazônica, em especial no oeste paraense, tem causado sérias consequências às comunidades locais. A escassez de chuva nesse período compromete a agricultura, a pesca e afeta também o transporte fluvial, principal meio de locomoção dos ribeirinhos. A redução dos níveis dos rios tem impactado direto na vida das pessoas. Além disso, a falta de chuva favorece a incidência de incêndios florestais, uma ameaça constante à biodiversidade.
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A vazante dos principais rios do Pará alcançou nível alarmante, sobretudo nas regiões do Baixo Amazonas e Tapajós. Os níveis dos rios registrados nos municípios de Óbidos e Santarém, por exemplo, estão abaixo dos padrões considerados normais para o período e abaixo dos níveis registrados no mesmo período do ano anterior.
O professor e meteorologista Alex Santos da Silva, do curso de Ciências Atmosféricas da Ufopa, compartilhou nesta quarta-feira (18), um vídeo explicando sobre as causas e consequências da seca e das mudanças climáticas no oeste do Pará.
Segundo ele, a seca severa ocorre devido a um efeito climático de grande escala, o chamado El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento anômalo da temperatura da superfície do mar no oceano pacífico equatorial. Esse aquecimento, explica o especialista, muda toda a circulação geral da atmosfera no continente e sul americano. Na região Norte, esse fenômeno impede a formação de chuva torrencial justamente pela subsidência do ar.
Na região, o meteorologista explica que a chuva está no período dela, que vai de outubro a meados de janeiro. “Climatologicamente estamos no período chuvoso da região Norte. Agora, esse efeito climático de grande escala tem duelado com essa força natural. Por exemplo, a chuva de granizo que caiu em Mojuí dos Campos aconteceu porque antes da ocorrência houve uma forte rajada de vento que mudou o gradiente vertical de temperatura. O granizo está presente nas nuvens de grande desenvolvimento vertical que são aquelas prioritárias para esse período. Só que a atmosfera é tão aquecida que quando esse gelo desprende da nuvem ele derrete antes de chegar à superfície do solo, chega em gotas com diâmetro maiores. Na terça-feira, essa inversão na temperatura permitiu que o gelo chegasse em fragmento menores”, explicou.
Alex Santos diz ainda que temos pela frente um período de estabilidade que aponta chuvas e descarga atmosférica pontuais para os próximos dias. “Mas o tempo volta à sua condição anterior de secura e elevação de temperatura. Cerca de 90% dos modelos climáticos mostram que o El Niño deve continuar até dezembro. Mas poderá vir chuvas torrenciais”, avisa.