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Pelo terceiro dia seguido, Santarém amanhece encoberta por fumaça; poluição é provocada por queimadas fora de áreas protegidas no Pará

Portal OESTADONET - 03/11/2023

Focos de calor registrados na manhã desta sexta-feira(3) pela NASA - Créditos: Reprodução/NOOA

 

Pelo terceiro dia seguido, Santarém amanhece nesta sexta-feira(3) encoberta por uma densa nuvem de fumaça. Essa poluição atmosférica tem origem em focos de incêndios em municípios vizinhos, principalmente no leste do Pará e estado do Maranhão, de acordo com dados de foco de calor do satélite NOOA, da Agência Espacial Americana, a NASA.

 

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No entanto, as ocorrências de fogo estão sendo registradas, até o momento, fora dos limites de áreas protegidas, como a Floresta Nacional do Tapajós(Flona), em Belterra, e a Reserva Verde Para Sempre, em Almeirim. Na base do ICMBio, no km 67 da Br-163, há ocorrência de incêndios no entorno da Flona Tapajós, que estão sendo combatidos pelas brigadas do instituto.

 

Outro monitoramento, feito através de satélites do Programa Queimadas, do Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), também identificou focos de incêndios em regiões da área rural do município de Santarém: região do Lago Grande, rio Arapiuns e região da rodovia Santarém-Curuá-Una (PA 370).

 

 

 

 
Santarém, 03 de novembro de 2023, às 08h20.

 

 

Parte da fumaça é trazida pelos ventos de queimadas realizadas em outras regiões do estado, como explica  professor Lucas Peres, da Universidade Federal do Oeste do Pará lotado no Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) e docente do curso de Ciências Atmosféricas da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

 

 

O especialista compartilhou um áudio explicando os efeitos da densa nuvem de fumaça que encobriu toda Santarém há três dias levando a cidade a registrar um dos piores índices de qualidade do ar com 301 microgramas de poluentes por metro cúbico, segundo plataforma World Air Quality Index, que monitora os níveis de poluentes no ar em diferentes países.

 

Esse indicativo aponta sérios riscos que a fumaça oferece à saúde da população santarena. O professor explica que seriam necessários estudos mais detalhados para quantificar o volume de fumaça trazido de fora para o município. Contudo, imagens de satélite comprovam que existem menos focos de queimadas em Santarém e um número expressivo de incêndios em cidades próximas à região. 

 

Nas imagens de satélites da Nasa é possível nota as regiões com maiores pontos de queimadas no estado. “Dá para ver que em si, próximo de Santarém, há bem menos focos de queimada do que nessas outras regiões”, destaca o professor.

 

 

 

 

 

Segundo ele, o vento traz toda fumaça de queimadas registradas em outras regiões paraenses, além do Maranhão e Tocantins.

 

“Enquanto o ar está mais seco, sem a precipitação, e o vento canalizando, trazendo esse ar vindo de lá, que é a fonte primária de aerossóis. Então, é isso que está trazendo aqui, fazendo os dias em Santarém ter esse aspecto nuviado. Pode ver que ela não é fuligem. A fuligem é a característica de uma queimada bem mais próxima. Ela não viaja muitos quilômetros na atmosfera”, explicou o especialista.

 

Lucas Vaz explica ainda que as regiões que apresentam frio, geralmente estão com focos de queimadas bem próxima e que não é o caso de Santarém. “Essa fumaça que está vindo em níveis mais altos, costuma vir de mais longe, porque o ar vem quente, subindo e se afastando da fonte de origem até chegar aqui em nós”.

 

O estudo foi feito pelo professor na manhã desta quinta-feira, mas, segundo ele, há necessidade de ser complementado que podem apontar outros indicativos de origem e impactos à cidade.

 

Lucas Vaz reforça a necessidade de o município possuir um Centro de Meteorologia Operacional, encabeçado pela prefeitura defesa civil do estado, e em conjunto com a universidade, além de ter meteorologistas, cientistas da atmosfera trabalhando sobre esse tema como rotina.

 

“Uma rotina de previsão de tempo, uma rotina de análises atmosféricas. Porque em si, a minha contribuição é mais na questão de sala de aula, de ensinar. Eu posso até fazer esse tipo de análise, mas requer tempo”, explicou.

 

Para ele, é hora de o município montar uma sala de situação e meteorologia, contratar profissionais para que essa sala de operação atue de forma a prestar melhor informação à população.

 

Atendimento

 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até quinta-feira(2), não havia nenhum paciente internado devido à inalação de fumaça. Entretanto, no final da tarde  do dia 1º de novembro, foram atendidos quatro pacientes que apresentavam sintomas respiratórios e relataram piora devido à inalação de fumaça.




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