A bola da vez

02/07/2015

O governo está fazendo uma bochecha danada pra mudar o rumo das coisas: há um desespero desenfreado atrás de uma agenda positiva para tentar encobrir o teatro de guerra dos grandes escândalos e a paradeira geral da economia e seus reflexos perversos.

É por isso que o governo anuncia um programa agressivo de exportações. Corri para o Google para ver se havia algum significado novo do termo “agressivo” mas nada encontrei. Esse termo é usado frequentemente para impor um ar de respeito ao programa mas, em tempos como estes, pouco a esperar, a menos que o Governo tenha combinado algo de muito importante com o mercado comprador.

Em 2009 os produtos primários participavam com 40,5% da pauta de exportação enquanto os manufaturados detinham 44%. Em 2014 os primários somam 49% e os manufaturados 37%! É reflexo da incapacidade de competição do manufaturado brasileiro, com uma ajuda importante da ineficiência nossa de cada dia que se traduz no “custo Brasil”.

Os primários – coitados! – têm suas cotações definidas pelo mercado internacional que anda de costas aos interesses dos países produtores.O minério de ferro, por exemplo, que era vendido a mais de us$ 100,00/ton – já bateu $ 180, no passado – hoje pega us$60,00 ! Vender minério de ferro é um negócio da China, só para os chineses, nossos principais clientes, que o transformam em aço e mandam seus cacarecos de volta ao Brasil.

Aumentar a venda de manufaturados? Quais? Para onde? Há um mau humor no mercado internacional decorrente de problemas globalizados e é exatamente nesse clima que esse esforço agressivo das exportações brasileiras será recebido.

Os nossos projetos são sempre agressivos no discurso. Vai de programa de aceleração do crescimento, passando pelo futebol e, agora, a exportação é a bola da vez.

Será que já está tudo combinado com os compradores?




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