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Covid-19: O dano da ausência

Lúcio Flávio Pinto - 24/01/2021

O contraste é chocante. A população de Manaus enfrentando a pior situação causada a uma capital no Brasil pelo coronavírus e no Rio de Janeiro milhares de pessoas se aglomerando nas praias. Incapazes de resistir ao chamado do forte calor, foram relaxar e se bronzear à beira mar, sem a menor atenção aos procedimentos de segurança sanitária.

 

É um indicador da falta de sensibilidade e solidariedade pelo drama gravíssimo vivido pela 7ª mais populosa cidade do país. Mas não chega a ser um fato anormal. Manaus fica longe demais da capital dos cariocas, que não só não a veem no seu cotidiano como, na maioria dos casos, nenhuma informação têm sobre ela.

 

Mas é a demonstração da falta que faz um governo central ativo e esclarecido para combater a pandemia. Apesar de as mortes em Manaus se aproximarem dos dois maiores picos já registrados, havendo mais pessoas morrendo em casa por não conseguir leito hospitalar, sequer oxigênio para evitar a asfixia mortal, a vida na cidade continua a funcionar regularmente. É garantia de que mais mortes acontecerão.

 

O efeito, contudo, vai além dos limites de Manaus. O vírus original já sofreu inúmeras mutações e uma das novas cepas é mais agressiva, se espalhando mais rapidamente. Como os voos entre Manaus e o Rio de Janeiro (como para outros pontos do Brasil) se mantêm, o contágio manauara poderá chegar ao banhista das praias cariocas - se é que já não chegou.

 

Uma situação distante dois mil quilômetros, portanto, afeta quem acha que sua despreocupação, irresponsabilidade e leviandade asseguram a sua imunidade. Este é o componente mais trágico dessa pandemia: a pessoa consciente e alerta não pode dar proteção total a si mesma. Está sujeita aos efeitos da irracionalidade coletiva, estimulada pela insensatez e incompetência do poder central, veneno contra a saúde coletiva difundido patamares sociais abaixo.




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