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Com igarapés muito secos, extrativistas enfrentam dificuldades no escoamento da safra da castanha em Oriximiná; vídeo

Portal OESTADONET, com informações e imagens de Marta Costa - 09/04/2024

Cais de arrimo de Porto Trombetas: águas ainda distantes do muro de contenção - Créditos: Marta Costa

 

A safra de castanha no município de Oriximiná, no oeste do Pará, deve continuar baixa pelo segundo ano consecutivo. A seca é o principal indicativo da baixa produtividade da castanha e a Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), projeta a comercialização de 32 toneladas do produto para a capital do estado até meados de julho deste ano.

 

Segundo a presidente da Coopaflora, Maria Daiana da Silva, os extrativistas indígenas e quilombolas estão enfrentando dificuldades para trazer a produção devido os castanhais localizados nos igarapés, acima das cachoeiras, e que estão muito secos.

 

Com igarapés muito secos, extrativistas enfrentam dificuldades no escoamento da safra da castanha em Oriximiná(PA); vídeo

 

Na frente da vila de Porto Trombetas, por exemplo, o nível do rio está muito baixo, bem longe alcançar a marca da enchente em anos anteriores, quando as águas cresciam bastante até o limte do cais de contenção.

 

Em Cacheira Porteira, o volume de água continua baixo, e as corredeiras expõe as pedras que, em outras épocas, estariam cobertas pelas águas do rio, como mostra o vídeo abaixo:

 

 



Video: Lourdes Pinheiro

 

 

Apesar disso, o trabalho de coleta e venda da castanha-do-pará pelos extrativistas de Oriximiná está em ritmo intenso. 

 

 

 

 

Os desafios do escoamento têm sido maiores que nos anos anteriores. O indígena da etnia Kaxuayama, Samuel kaukuma, reside na Aldeia Watximã há seis anos e trabalha como entreposto no rio Trombetas. Ela relata as dificuldades no escoamento da produção. “A gente trouxe 90 sacas de castanha, mas a gente tem mais castanha, o bote furou, tivemos que deixar a castanha lá no varadouro. Nos últimos dois anos, eu senti a dificuldade devido à seca” declarou Samuel.

 

A baixa produtividade dos castanhais também é um reflexo negativo nas áreas de quilombos.
 

O extrativista quilombola Domingos Printes, do Território Mãe Domingas, trabalha com a coleta da castanha desde muito jovem, segundo ele, a estimativa desde ano é que seja coletada por família até 50 sacas de castanha, o que deve gerar uma renda média de R$ 5.000,00, mas a preocupação está em torno da baixa produtividade dos castanhais.

 

“Nos outros anos a gente sempre teve bastante castanha, e esse ano a gente não tem a quantidade que costuma ter dentro do território. Agora tem os igarapés que ainda tem castanha, mas que tem essa dificuldade por conta da seca, apesar da gente estar em abril, mas pro costume nosso tá muito seco ainda”, ressaltou Domingos Printes. 

 

O comparativo citado pelo extrativista é comprovado com os dados da castanha dos anos anteriores onde em 2022, a Coopaflora comercializou 98,5 toneladas de castanha e em 2023, buscando cumprir os compromissos comprou aproximadamente 46 toneladas de castanha.

 

O escoamento da produção da castanha junto a Coopaflora é realizada graças a cooperação de diversos parceiros como o Iepé, que contribui com o escoamento da castanha dos territórios indígenas, Imaflora, que atua junto ao programa Floresta de Valor e Origens Brasil, Imazon, como o projeto Kanawa, que visa contribuir para consolidação das áreas protegidas, Ufopa, com o projeto de fomento ao manejo florestal e bioeconomia e a Arqmo.

 

Considerada como uma das menores safras, podendo ter como reflexo da seca de 2023, os trabalhos seguem para fomentar a economia junto aos povos indígenas e quilombolas mesmo com dificuldade no escoamento da produção.




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