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Memória de Santarém: poder municipal, política do interior e consequência da cheia - 1951 a 1954

Lúcio Flávio Pinto - 10/02/2024

Prefeito Armando Nadler, discursando, em 7 de setembro de 1957, na praça de São Sebastião - Créditos: Acervo: Adamor Gomnes

Poder municipal.
 

O PSD (Partido Social Democrático) fora destronado do governo do Pará em 1951, com a vitória do marechal Zacarias de Assunção, apoiado por uma coligação de partidos (a CDP), sobre o general Magalhães Barata. Mas o desgaste da administração estadual e a desunião entre os “coligados” já indicava o retorno do caudilho ao poder, o político paraense que mais o controlou na república.
Em 1954, um ano antes da nova eleição para o governo, o PSD elegeu Armando Nadler prefeito de Santarém e fez a maioria dos vereadores da Câmara Municipal: seis contra cinco da Frente Municipalista, que ainda congregou os demais partidos. Foram eleitos os pessedistas Osman Bentes de Souza, Benedito Magalhães, Humberto Frazão, Demétrio Negrão, Elizeu Maia e Milton Rodrigues dos Santos. Pela Frente Municipalista: José Maria Matos, Alberto Campos de Castro, Paulo Rodrigues dos Santos, José da Costa Pereira e Belarmino Paiva Dias.


 

 

Política do interior
 

Em novembro de 1954, Isaías Serique dirigiu uma carta aberta “ao povo de Boim”. Agradeceu por haver recebido dois terços da votação total na vila como candidato a vereador de Santarém, que creditava “à atuação franca e decidida das seguintes famílias: Serique, Bemerguy, Dutra, Simplício, Xavier, Cohen, Sirotheau, Chaves, Paranatinga, Azulai e demais amigos de Amorim, Parauá, Surucuá, Jauarituba, Noquimy, Nova Vista, Anduru, Cametá, Pinhel e da vila em geral”.
 

Mas também protestava contra o tratamento que a administração municipal dava a “uma das maiores células de produção do município”. Ela estava abandonada, enquanto “vilas e povoados com menores possibilidades ou quase sem nenhuma produção” eram assistidas. Discriminação resultante de “se haver formado na mentalidade do Boimense uma corrente de apoio somente a quem se propusesse a resolver os seus prementes problemas”.
 

Manifestava ainda a “imorredoura gratidão aos Revdmos. Padres Americanos, pelos inestimáveis serviços e auxílios prestados a Boim; pois somente eles têm dado, além da assistência espiritual, remédios, escolas, etc. e ainda dotando nossa vila, com magníficos prédios”.
 

 

Circunstâncias da cheia
 

O prefeito Santino Sirotheau Corrêa (foto abaixo) vetou, em maio de 1953, o projeto de lei do vereador Osman Bentes de Sousa, que abria crédito especial de 100 mil cruzeiros para socorrer a população atingida pela enchente do rio Amazonas, geralmente considerada a maior do século passado.

 


 

 

O projeto foi aprovado pelos vereadores “coligados” (que se opunham aos “baratistas” e os derrotaram na eleição para o governo do Estado, em 1950) José Maria Matos e Alberto Campos de Castro, além de João Franco Sarmento, que trocara a Coligação pelo PSD. Osman era pessedista e presidente da Câmara Municipal. Mesmo assim, Santino, que era seu correligionário, vetou o projeto. Alegou que a prefeitura não dispunha de recursos para atender a iniciativa.
 

Mas o orçamento municipal já incluía rubricas com esse objetivo: 175 mil cruzeiros (moeda da época), crédito aberto em março, parcela destacada dos Cr$ 209 mil provenientes do recebimento de dois duodécimos do imposto de renda relativos a 1951. Mais Cr$ 50 mil foram consignados ao fornecimento de medicamentos aos “flagelados das várzeas”.
Já o prefeito de Alenquer, Heriberto Marques Batista, aprovou projeto da Câmara que alocou Cr$ 120 mil para as vítimas da enchente em seu município.

 

Plêiade de santarenos
 

Os estudantes santarenos estavam “num deplorável estado de inércia”, mas alguém, que assinou artigo sob o pseudônimo Zorba, escreveu artigo, em 1966, para mostrar “uma pequena plêiade” de líderes estudantis: Luiz Carlos Botelho, colunista social de O Jornal de Santarém, ex-presidente do Clube Paroquial da Imaculada Conceição, presidente do Grêmio Jackson Figueiredo e professor do Dom Amando; Júlio César Imbiriba de Castro, cronista de O Jornal de Santarém, ex-orador oficial de sua turma, locutor e apresentador de programas da Rádio Educadora, presidente de sua atual turma e professor; Roberto Souza, professor nos colégios Dom Amando, Santa Clara e Álvaro Adolfo, ex-presidente do grêmio estudantil; Luiz Bianor Lima (“Tubarão”), vice-presidente do grêmio do Dom Amando, membro do clube paroquial e locutor dominical da Educadora; Danilo Campos, professor no Santa Clara; Podaliro Amaral, professor no Santa Clara e no Comercial, ex-diretor da Associação dos Estudantes Secundaristas.

 

 

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