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Em Santarém e região, chuvas devem se manter 25% abaixo da média até o mês de maio

Sílvia Vieira, Repórter de OEstadoNet - 01/04/2016

Créditos: Professor João Feitosa, da Universidade Federal do Oeste do Pará( Ufopa)

O modelo climatológico para o trimestre março/abril/maio indica que apesar das chuvas estarem caindo com maior frequência na região, a precipitação deve se manter entre 20% e 25% abaixo da média normal para essa época do ano até o início de junho, quando começa a transição para o período mais seco.

“Dificilmente Santarém e região vão ficar com os índices pluviométricos, principalmente do ano passado. Esse ano como todos já sabem, nós estamos com o fenômeno El Niño, que por sinal foi um dos mais rigorosos desde 1983. E a gente sabe que o El Niño quando está bem estabelecido como neste ano, ocorre pouca precipitação, notadamente na região oeste do Estado. Na região nordeste que engloba Belém, a chuva está acima da média. Mas na nossa região, janeiro foi abaixo da média, fevereiro foi abaixo da média e março fechou também abaixo da média. Temos ainda pela frente os meses de abril e maio, mas a previsão não é de grandes volumes de chuva”, explicou João Feitosa, professor da Ufopa.

De acordo com o professor, apesar dos modelos climatológicos indicarem que o período chuvoso até o início de junho deve ficar abaixo dos índices pluviométricos registrados nos anos anteriores, principalmente nos anos que não tivemos El Niño, alguns eventos extremos podem acontecer.

“Pode ocorrer em um dia um volume maior de chuva localizada, ou seja, em determinado local. Também podem acontecer eventos extremos, porque quando a gente tem dias muitos quentes e uma atmosfera úmida, que são duas características importantes para que tenhamos eventos extremos, haja registro de ventos fortes com destelhamento de algumas residências. Mas, em termos de volume de chuva, será bem menos que em anos anteriores”, enfatizou.

O fenômeno El Niño começa num ano e atravessa para o ano seguinte. Mas, a meteorologia espera que o nível se normalize de junho para agosto. Se o pulso do El Niño for nessa direção e se normalizar até agosto, a tendência é que o período seco fique dentro da normalidade. Mas, se o pulso do El Niño não se normalizar dentro do previsto, a estiagem na região pode ser mais rigorosa que no ano passado, com prejuízos para a agricultura de um modo geral e para a navegação. Mas, segundo Feitosa, ainda é muito cedo para fazer o prognóstico.

“Quando você roda um modelo climático, geralmente você vê dois, três meses na frente. Conforme você vai olhando muito além disso, a confiabilidade no modelo vai diminuindo. Não temos perspectiva de La Niña, porque não tem essa relação de depois do El Niño vir uma La Niña. Em condições normais, devemos ter um período seco normal. Se for muito lento ou se atrasar o processo de resfriamento das águas do Pacífico Tropical, aí a gente realmente vai ter que ficar preocupado, porque poderemos ter uma estiagem que se prolongue pelo resto do ano”, explicou.

Temperaturas elevadas

Com a escassez de chuvas na região, o segundo semestre do ano passado foi marcado por altas temperaturas. Atualmente, mesmo com as chuvas que têm caído, logo que o tempo abre a temperatura costuma subir. Agora, por exemplo, a umidade - comparada com outros anos considerando o menor volume de chuvas - está mais baixa. Com a umidade do ar menor, a temperatura tende a aumentar.

“Se nós temos menos vapor d’água na atmosfera, a tendência é a temperatura aumentar. Agora, é bom que se diga que embora muitas vezes aqui na Amazônia a gente tenha até chuva, a temperatura cai muito pouco. Se você for ver o gráfico que mede a temperatura ao longo do ano, é muito pequena a diferença. O que acontece aqui quando tem uma chuva é a temperatura cair bruscamente, mas logo depois que cessa a chuva a temperatura volta ao normal. Então, essa vaiável de temperatura não muda tanto ao longo do ano. Aqui na Amazônia ela quase é uma reta. É lógico que em algumas épocas do ano aumenta a sensação térmica por causa da baixa umidade do ar”, pontuou Feitosa.  




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