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Viva a regata!

20/02/2016

Quando li na coluna Esporte Amador, no Diário do Pará, assinado pelo veterano Manoel Alves, que o Paysandu estava contratando novos reforços,  imaginei logo que o Manolo tivesse jogado a toalha e também se rendido a única modalidade esportiva que ocupa quase todos os espaços na mídia. Puro engano. A notícia referia-se ao campeonato paraense de remo, um esporte aquático que tem tudo a ver com a Amazônia e que está na origem dos nossos grandes clubes, que iniciaram suas atividades com a regata.

O Clube do Remo, assim como o Paysandu e a TunaLuso Brasileira, foram criados, no início do século passado, para disputar regata na Baía do Guajará, em frente de Belém. Depois é que introduziram o futebol entre as suas modalidades. Quando criança, era levado por minha mãe até a praça do Pescador, no centro históricoa fim de assistir a disputa de regata. As pessoas se deslocavam de ônibus para assistir o embate entre Tuna e Paysandu ou Tuna e Remo.

A sensação era a mesma que ir a um estádio de futebol. Os torcedores vestiam as camisas de seus clubes, agitavam bandeiras e gritavam o nome dos atletas de remo. E os vendedores aproveitavam para oferecer frutas, sorvete, pipoca, mingau, tacacá, vatapá, caruru e, claro, para os homens, cachaça de Abaetetuba e Igarapé-Miri, vendida nas canoas, atracadas na doca do Ver-O-Peso.

Hoje, essa maravilhosa atividade esportiva, a regata,está relegada a invisibilidade. Poucos, como o Manoel Alves, se dedicam a acompanhar e divulgar o campeonato paraense de remo. Por isso mesmo quando o Paysandu anuncia que contratou 11 reforços para o campeonatoparaense deste ano, a gente fica surpreso, pois geralmente a sede náutica e os atletas de remo são tratados com um certo desprezo pelos dirigentes dos clubes e cronistas esportivos. Como se fosse um favor manter aquela modalidade ainda em atividade

Muita gente não sabe que os barcos utilizados nas competições comportam um, dois, quatro e oito remadores. Existem regras sobre as distâncias para disputas, assim como o espaço entre os barcos, a raia, que é de 13,5 metros. O campeonato brasileiro de remo foi instituído em 1902 e os grandes clubes de futebol nacionalcomeçaram com o esporte náutico: Flamengo, Vasco e Botafogo, tanto que ainda hoje os três têm a palavra regata em seus nomes.

Então, é com muita alegria que tomei conhecimento que o Paysandu vai contratar dois argentinos, os irmãos Rodrigo e Ariana Ruis, para reforçar o seu elenco de remo na temporada de 2016, que começa no dia 6 de março e que já conta com um treinador novo e vários remadores.Seria interessante se as emissoras de rádio e televisão transmitissem as regatas e que as secretarias de esporte estimulassem esse tipo de competição nas cidades do interior paraense, como de resto em toda a Amazônia.

Somente com a divulgação de todas as modalidades esportivas os programas nas emissoras mereceriam ser chamados de esportivos, já que hoje dedicam 99% de seus espaços ao futebol, que é paixão nacional, mas não é exclusiva. Viva a regata!

 

(*) Paulo Roberto Ferreira é jornalista, professor, escritor e colaborador do portalwww.oestadonet.com. br

 




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