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Terreno baldio

21/12/2015

Há indignação entalada na garganta de cada brasileiro sobre a tragédia de Mariana, em Minas.  O rompimento da barragem destruiu vidas, devastou comunidades, assassinou o rio Doce e sua biodiversidade. Levou sede e desalento às populações da região e esse caldeirão de misérias chegou ao oceano Atlântico.  A proporção dessa devastação não tem precedente. Foi um assassinato à queima roupa, por assim dizer.

Logo após o fato, o “Brasil vigilante”, dedo em riste, apontava o valor da multa à empresa responsável primeira pela tragédia.  Isso não devolve vidas perdidas e pouco deve ser utilizado à recuperação da região. Pelo menos tem sido assim em tantas outras tragédias, como a da região serrana do Rio de Janeiro.

Há outras desgraças por aí e não vemos o dedo em riste no nariz dos responsáveis.   São crimes praticados lentamente, com requintes diários de crueldade, diante dos olhos indiferentes do Estado e da sociedade. Olhem o Tietê, o Pinheiros, a Bahia de Guanabara, áreas de mangue, e o meu Tapajós que fale por si só de seu sofrimento ... Quem foi o autor dessa destruição toda? Há muitos: indivíduos inescrupulosos, que despejam seus esgotos nessas áreas ou gananciosos irresponsáveis que contaminam o meio ambiente, aproveitando-se da miopia do poder público e da incapacidade de administrar, cobrar, fiscalizar...

Se isto tudo acontece nos centros ditos mais avançados do País, o que será que ocorre nas entranhas de regiões mais remotas onde o poder público não alcança?

Há uma forte ligação entre o desastre de Mariana e os deslizamentos de imoralidades que se estendem pelo Brasil afora e que a Lava Jato procura conter.  Esse lamaçal provoca estragos na natureza das coisas, nas pessoas, inviabiliza hospitais, escolas, estradas, portos  e sabe-se lá não ajuda a contaminar a sociedade brasileira com a ideia de que a bandalheira compensa.

Ainda não sabemos como e quando vamos encontrar solução às nossas mazelas. A verdade é que há muita lama por todos os lados, água parada, Aedes aegypti, dengue, chikungunya, zika vírus, microencefalia. Que zica!   Pobre País que se fez baldio em 2015!...




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