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Memória de Santarém: A imprensa

Lúcio Flávio Pinto - 17/03/2024

Uma das primeiras formas de registro impresso surgidas em Santarém ocorreu em 1853, através da publicação do semanário O Amazoniense, conforme relato de Paulo Rodrigues dos Santos em sua obra Tupaiulândia. A ele seguiram-se centenas de publicações, em sua maioria efêmer as, quase sempre vinculadas a grupos políticos. A reconstrução do cotidiano da cidade é possível pela leitura minuciosa de coleções de alguns jornais. Mas o processo de comunicação saiu de sua forma impressa para a sonora, começando com serviço volante, passando pela emissão radiofônica até chegar ao advento da televisão.
 

Jornal de oposição
 

Não era fácil ser da oposição ao poder estabelecido, como mostra uma nota na edição do jornal Tapajós de 18 de fevereiro de 1920. A publicação denuncia as ameaças sobre sua gráfica, alvo sempre visado pelos que se achavam contrariados por jornais oposicionistas. O jornal fora empastelado pouco tempo antes.  A nota a seguir espelha um pouco desse clima hostil:
 

“Recomeçam os empurrões na porta da entrada das nossas oficinas. Na noite de 14, as 12 e 25’, após terem dado um tiro de revólver em frente à porta, deram um empurrão; na de 15, as 11 e 35’, deram dois valentes empurrões. Assim faziam de agosto a dezembro do ano passado”.
 

O jornal mais duradouro
 

O Jornal de Santarém, semanário fundado em 1932, foi o que circulou por mais tempo na história do município, durante quatro décadas. Seus fundadores foram Guiães de Barros, Gomes Diniz e Luiz Gentil. Dispunha de oficinas próprias, instaladas na rua João Pessoa, 12. No dia 5 de novembro de 1933, quando ainda se anunciava como “hebdomadário noticioso”, entrou “no seu segundo ano de circulação”, com a edição 52, que tinha apenas um anúncio na capa: de A Pernambucana, “empório de fazendas chics, baratas e elegantes&r dquo;.
 

O jornal assinalou no alto da primeira página: “Nesse período de vida de imprensa indígena em que tem tido gentil acolhida dos bem intencionados e benévolos ledores, como também vesgas malversações dos despeitados, outra coisa não têm os seus dirigentes a articular, a não ser: ‘Não fizemos o que queríamos, mas fizemos o que pudemos’”.
 

O Jornal de Santarém apoiava então o “digno e honrado” prefeito, Ildefonso Almeida, a quem tratava como “nosso amigo”. Um dos fundadores da publicação, o advogado Luiz Guiães de Barros, era o secretário da prefeitura. Substituiu Ildefonso na função quando o prefeito se incorporou à comitiva do interventor federal, major Magalhães Barata, para participar do congresso de prefeitos, que se instalaria em Belém naquele mês.
 

A primeira dama, a “virtuosa Sra. D. Noêmia Almeida”, seguiria pelo vapor Moacyr junto com os filhos, Walfredo e Augusta. Uma vez encerrado o congresso, a família iria veranear em Soure, onde o prefeito esperava “restabelecer sua saúde, abalada pelos inúmeros afazeres de seu cargo”. Só voltaria a Santarém em meados de dezembro.


Enquanto isso, responderia pelo expediente da administração o “distinto secretário da municipalidade”, que era também “caríssimo companheiro de redação” de O Jornal de Santarém.

 

 

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