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Artista venezuelana Julieta Hernandez, assassinada no Amazonas, morou por cinco meses em Alter do Chão: ato em memória da palhaça Miss Jujuba será sexta(12)

Priscila Cotta - 09/01/2024

Julieta, a palhaça Jujuba, quando participava de uma feira agroecológica em Alter do Chão - Créditos: Caetano Scanavinno

Até o momento, são 25 cidades brasileiras organizando atos simultâneos para o próximo dia 12/01, sexta-feira, em homenagem à Julieta Hernandez, a palhaça Miss Jujuba, que foi brutalmente assassinada no interior do Amazonas no último dia 23 de dezembro.

 

 

 

Em Alter do Chão, região balneária de Santarém, no oeste do Pará, os moradores, ainda muito abalados, criaram um grupo no whatsapp para reunir memórias com Julieta e ideias colaborativas de manifestação na praça, marcada para às 18h do mesmo dia 12 de janeiro. Foi de Alter que ela saiu no último dia 10 de setembro, após cinco meses, para seguir viagem rumo à Venezuela, onde iria encontrar sua mãe.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na Vila, Julieta fez muitos amigos, apresentou seu espetáculo “Viagem de Bicicleta de uma Palhaça Só…sozinha?” no Galpão Las Cabaças, no Barracão Comunitário do Caranazal, no Platô da Vila Americana em Belterra, na FLONA e em comunidades do Arapiuns. Ia todos os sábados fazer números na feirinha agroecológica, onde era seguida por crianças e saía sempre com a cesta cheia de frutas e legumes oferecidas pelas feirantes.  À noite, sem a palhaça, se apresentava como artista Julieta tocando seu instrumento venezuelano chamado Cuatro nos bares e passava o chapéu para complementar a renda de artista independente. Ela também tinha formação em veterinária e fez alguns trabalhos de assistência em cirurgia e clínica com o médico veterinário Hernán Manaut.

 

 


Apresentação Barracão Caranazal. Crédito: Cláudio Chena

 

 

Emocionada, a artista Juliana Balsalobre, da Companhia Las Cabaças, que primeiro recebeu Julieta em Alter e conversou com ela por mensagens até dias antes de sua morte, diz: “Era quase que uma entidade, essa pessoa Julieta, que andava  com a sua bicicleta e os seus sonhos dentro dela. Dentro de Julieta morava também a Miss Jujuba, que a alegrava a si mesma e a todas as pessoas grandes e pequenas que cruzavam seu caminho. Tocava o Cuatro, instrumento venezuelano, ela andava sempre com ele e cantava sua música de maneira tão profunda, ela tinha tanto amor por sua cultura, seu lugar de origem e isso estava presente fortemente em sua arte, mas também estava presente nela o sonho de conhecer o Brasil, sua cultura, sua gente, a natureza. Ela queria conhecer o Brasil de perto e compartilhar sua arte tão potente, vibrante e repleta de poesia”.  

 

A programação da sexta-feira em Alter do Chão contará com apresentação de palhaços, música ao vivo, cortejo de bicicletas e outras atividades construídas colaborativamente a partir das 18h na Praça 7 de Setembro.

 

“Julieta é mais uma vítima dessa sociedade doente que não permite que mulheres sejam livres”, diz um post do @circodisoladies, que se apresenta como “grupo de palhaçes que eram amigues de Julieta”. Eles pedem: “apoie a família de Julieta para lidar com todo o impacto imenso dessa tragédia através da conta PayPal da irmã de Julieta: sophialarouge@gmail.com ou pelo Pix: contato@circodisoladies.com.br”.




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