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Dono da Gana Gold, alvo da PF tinha mansão com heliponto em Novo Progresso, sudoeste do Pará; mineradora tem atividades suspensas pela justiça

Camila Mattoso Fabio Serapião/FSP e G1 Pará - 10/07/2022

Mansão com heliponto, em Novo Progresso, revela vida de luxo de garimpeiro investigado pela Polícia Federal -

O empresário Márcio Macedo Sobrinho, sócio da Gana Gold, atual M.M Gold, empresa investigada pela Polícia Federal por garimpo ilegal na região Norte do país, esbanjava uma vida de luxo.

 

Fotos, trocas de mensagens e documentos amealhados pela PF na operação Ganância, deflagrada na quinta (7), mostram movimentações milionárias em suas contas e gastos com helicópteros, lanchas, caminhonete importada e uma festa de casamento embalada ao som de duplas sertanejas famosas.

 

Relatório da PF expõe a movimentação financeira de Macedo e de seu grupo empresarial e mostra que, entre os anos de 2020 e 2021, a exploração ilegal de ouro rendeu cerca de R$ 1,1 bilhão ao garimpeiro.

 

Márcio Macedo Sobrinho aparece em foto com caminhonete importada
Márcio Macedo Sobrinho aparece em foto com caminhonete importada - Reprodução PF

 

 

Como mostrou a Folha, a PF afirma que o grupo empresarial liderado por Macedo é suspeito de garimpo ilegal de ouro e teria movimentado cerca de R$ 16 bilhões entre 2019 e 2021. Parte dos valores proveniente do garimpo teria sido lavada em criptomoedas.

 

A empresa Gana Gold, de acordo com a investigação, "esquentava" o ouro extraído ilegalmente em garimpos da região Norte do país. Para isso, ela se valia de licenças ambientais inválidas, extrapolando os limites de pesquisa que possuía.

 

A empresa não foi encontrada pela reportagem para comentar as acusações.

 

Em um documento anexado ao pedido de buscas e prisões, a PF detalha por meio de fotos como o empresário gastava parte do dinheiro oriundo do garimpo ilegal.

 

O casamento de Macedo, por exemplo, teve duas duplas sertanejas famosas como atração. Bruno e Marrone, dos clássicos Dormi na Praça e Choram as Rosas, e Jads e Jadson cantaram no evento.

 

"De acordo com sites abertos, o cachê da primeira dupla é de aproximadamente R$ 220 mil e o da segunda chega a R$ 80 mil, valores elevados gastos apenas com as bandas do casamento", diz a PF.

 

Os investigadores também elencam no documento fotos de bens de luxo de Macedo, todos com um adesivo com sua logomarca particular: a MM, iniciais do seu nome.

 

Entre as fotos juntadas no relatório pelos investigadores estão uma lancha com o nome "Garimpeiro", caminhonete importada, helicóptero e aviões.

 

Outro bem que a PF aponta para a vida de luxo de Macedo é a mansão em Novo Progresso (PA).

 

"Chama a atenção a ostentação da residência de Márcio no Município de Novo Progresso/PA, de onde gerencia toda a estrutura de seus garimpos ilegais no estado, totalmente destoante dos demais imóveis da região, sobretudo por contar com heliporto próprio no imóvel."

 

O garimpeiro também teve uma conversa interceptada em que relata a intenção de construir uma nova mansão, essa em Goiânia (GO).

 

Na futura residência, Macedo tinha intenção de construir um heliponto. "Se não for pra ter um heliponto o que que compensa eu investir num lugar desse? Eu já sou acostumado com helicóptero. Tenho dois helicópteros, entendeu?", disse à interlocutora de nome Priscilla.

 

 

 

 

A dupla Bruno e Marrone no casamento do garimpeiro Márcio Macedo
A dupla Bruno e Marrone no casamento do garimpeiro Márcio Macedo Reprodução/Polícia Federal 

 

 

Em seguida, ele explica que o objetivo era construir outra mansão nos moldes da que mantém em Novo Progresso.

 

"Priscila, eu vou fazer uma casa, uma mansão boa mesmo, entendeu? Tecnologia, design moderno, usando madeira, entendeu? É porque você não foi na minha casa lá de Progresso, né? Eu gosto de trem um pouquinho rústico também."

 

 

Justiça suspende atividades da Gana Gold

 

 


PF deflagra três operações para combater extração e comércio ilegal de ouro no Brasil — Foto: Divulgação/PF

 

 

Na quinta-feira (7), foram realizadas três operações simultâneas contra organizações criminosas que atuam na extração e comércio ilegal de ouro e suspeitas de cometer os crimes de lavagem de dinheiro, extração e comércio ilegal de ouro, corrupção, organização criminosa.

 

As operações Ganância, Golden Greed e Comando tinham ao todo 82 mandados de busca e apreensão e cinco mandados de prisão preventiva no Acre, Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Mato Grosso e também no Pará.

 

A investigação constatou a existência de uma organização criminosa, que atuava desde a extração ilegal, passando pela receptação de ouro de garimpo, até a venda a empresas não autorizadas sem o recolhimento de tributos.

 

A polícia descobriu que o minério era transportado do Pará para São Paulo e durante as investigações, a polícia identificou pilotos, aeronaves, intermediários, mineradoras e seus proprietário envolvidos nas atividades ilícitas.

 

A ação, que ocorre em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), é a segunda fase da Operação Gold Rush e avança na investigação de organizações criminosas que atuam na extração e comércio ilegais de ouro no Pará.

 

Além disso, a Justiça Federal de Jundiaí determinou: a apreensão de dezenas de veículos e máquinas utilizadas na extração de ouro; o sequestro de cinco aeronaves e um helicóptero; o bloqueio de contas dos investigados até o valor de R$ 1,1 bilhão, bem como a suspensão das atividades da mineradora envolvida na apuração.

 

 


Empresas são investigadas pela PF no Norte do país — Foto: Divulgação/PF

 

 

Em seguida, ainda de acordo com as investigações, também foi identificado que a atuação irregular de servidores públicos da Agência Nacional de Mineração (ANM) no Pará permitiu que a empresa investigada fizesse a extração do minério mesmo sem as devidas licenças e documentações exigidas em lei, atuando inclusive em área de conservação ambiental. O g1 procurou a ANM, mas não obteve retorno.

 

Um relatório da Controladoria Geral da União aponta que o grupo atuava sem autorização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em área de conservação ambiental, e que por isso, não houve adoção de providências pela ANM diante da ausência desta autorização.(G1Pará)




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