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Extermínio continua

Lúcio Flávio Pinto - 12/01/2022

O único sobrevivente da família executada com muitos tiros não soube dizer o que poderia ter motivado o assassinato do seu pai, de sua mãe e de uma irmã. Seus corpos, localizados já em estado de decomposição, estavam crivados de balas de pistola 380. A chacina aconteceu em Cachoeira do Mucura, localidade na margem do rio Xingu, a 80 quilômetros de São Félix.

 

José Carlos Rodrigues, mais conhecido como Zé do Lago, sua esposa, Márcia, e a filha, Leone, criavam quelônios, como tracajás e tartarugas, e os soltavam para repovoar o Xingu e afastar o risco de extinção das espécies, intensamente abatidas e consumidas. Por isso, eram considerados líderes ecológicos na região.

 

Se foram mortos por essa condição, que deve ter contrariado algum poderoso do lugar, sua execução, provavelmente por pistoleiros, confirma uma constatação trágica na Amazônia: quem defende a natureza dos seus predadores e tenta fazer diferente, coloca a sua vida em risco.

 

O governo do Estado, que proclama como um dos seus méritos, ter reduzido a violência e os assassinatos no Pará, tem que se empenhar ao máximo para esclarecer essa matança. E impedir que essa sina sanguinária persista – e o que é pior: se agrave.




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