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Rússia e Venezuela na fronteira?
Em maio, a revista eletrônica DefesaNet publicou uma reportagem (Russos e venezuelanos operam na fronteira com o Brasil). Nela, detalhava “ações de Guerra Eletrônica empreendidas por Forças Russas e a Fuerza Armada Nacional Bolivariana (FANB), na região de fronteira de Roraima”. A revista, editada por militares da reserva, tem dedicado grande atenção ao tema.
Por isso, considerou efeito das suas matérias a confirmação, pela primeira vez por uma autoridade do governo brasileiro, da presença de forças militares russas operando nas fronteiras brasileiras. A manifestação foi do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, quando questionado pelo deputado federal Marcel van Hatten (do Novo do Rio Grande do Sul).
O fato se deu na audiência pública realizada pela Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional na Câmara Federal, em Brasília, para tratar das prioridades do Ministério da Defesa para este ano. O ministro estava acompanhado do comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, do comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, e do comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Jr.
Ao ser questionado pelo deputado van Hatten sobre a operação da Rússia e da Venezuela na fronteira com o uso de sistemas de Monitoramento e Guerra Eletrônica (jamming) junto, Braga Netto respondeu:
“O exercício na fronteira ocorreu e as forças armadas (brasileiras) têm capacidade de contrapor às ameaças cibernéticas. Toda a vez que é mobilizado um exercício, nós (Comandos Militares) acompanhamos, todo tipo de exercício”.
O ministro, segundo a própria DefesaNet, ressaltou a importância e a característica da guerra cibernética, que é de evolução constante. Os sistemas russos são considerados excelentes e são constantemente aperfeiçoados.
O ministro chegou a questionar o comandante da Aeronáutica sobre detalhes das ações e se tinham avançado sobre o território brasileiro, o que não ocorreu.
A revista observa que o ministro “deveria ter perguntado ao Comandante do Exército Gen Ex Paulo Sérgio, que é o responsável pela implementação dos sistemas de Inteligência de Sinal (SIGINT), se o Brasil está conseguindo acompanhar a evolução tecnológica e operacional, pois há questionamentos quanto às prioridades. Mesmo com recomendação do Palácio do Planalto, para que sejam atualizados e incrementados os sistemas de inteligência na Fronteira Norte, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), tem definições e prioridades próprias”. DefesaNet informa que a opção tem sido “por outros programas e regiões, inclusive ignorando as mensagens do Palácio do Planalto”.
A publicação considera que o questionamento do parlamentar “desnudou uma realidade, que várias administrações do próprio governo brasileiro, vinham postergando o seu reconhecimento ao longo da última década”.
Classificou de “corajosa” a resposta de Braga Netto, “pois traz para a mesa a realidade estratégica de nosso entorno. Mesmo com a enorme demanda financeira, que o Brasil tem na proteção de sua população na Pandemia da COVID-19, muitas decisões e ações são inadiáveis”.
E finaliza, observando: “Cabe ressaltar o contínuo e deletério boicote da área econômica do Governo Federal às demandas estratégicas urgentes do Brasil”.