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Perdidos na internet

Lúcio Flávio Pinto - 06/02/2021

Hackers se apossaram recentemente dos dados de mais de 220 milhões de CPFs. Há algum vazamento do mesmo porte num mesmo país em todo mundo? Ainda não consegui uma resposta. Mas se há, o que aconteceu no Brasil está no topo desse tipo de crime, característico – e gravíssimo – da sociedade cibernética em que vivemos.

 

Tão chocante quanto o fato em si é o silêncio oficial a respeito, criando um ambiente surrealista. A vida da população brasileira está sob grave ameaça, com a violação da sua privacidade e a usurpação do seu livre arbítrio, mas o governo age – ou melhor, não age – como se fosse fato trivial. O leigo pode imaginar tudo de ruim que a disponibilidade dos seus dados pode lhe causar, mas pode ser tachado de alarmista, exagerado, demente.

 

Nenhuma manifestação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que é – ou seria – a instância competente para elucidar a opinião pública e desencadear uma investigação técnica e (ou) policial que não se restrinja aos “mais iguais” da sociedade, como o presidente da república, os ministros do Supremo Tribunal Federal ou os parlamentares, que já reclamaram por proteção.

 

O que se constata, por enquanto, é a completa exposição dos brasileiros aos criminosos, agora no reduto cibernético. O país avança tecnologicamente, mas não como civilização. Nesse imenso espaço, a desigualdade entre os que podem e os que não podem é ainda maior.




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