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Ameaça chinesa?

Lúcio Flávio Pinto - 20/01/2021

A irresponsabilidade, a insensatez e a estupidez do presidente Jair Bolsonaro podem causar novas e ainda mais graves perdas - materiais e humanas - ao Brasil. Bolsonaro fez afirmativas erradas, agressivas e totalmente inadequadas sobre a China e o seu governo. Ignorou completamente que os chineses são os maiores parceiros comerciais do Brasil, o comprador que mais lucros nos proporciona e o que mais investe capital de risco no país.

 

Há uma importância vital que foi negligenciada por Bolsonaro e agora se manifesta: a China é origem de tudo que se produz para combater a cobid-19. As cargas de vacinas da Coronavac e de insumos tanto para a produção da vacina chinesa como da Oxford/AstraZeneca estão retidas há semanas em Pequim e ainda não foram liberadas pelo governo chinês. O Itamaraty esconde o jogo a respeito e a imprensa ainda não penetrou na cortina de dissimulação que mantém inexplicada a razão do atraso - ou da recusa da liberação.

 

Das 46 milhões de doses da primeira etapa do contrato dos chineses com o laboratório Butantan ainda faltam 30 milhões de doses, o insumo farmacêutico para o Butantan fabricar mais vacinas no Brasil e a tecnologia para que o processo seja inteiramente nacionalizado, dispensando o intercâmbio internacional. Normalmente, essa etapa só seria atingida no final do semestre, quando o máximo de produção seriam 60 milhões de doses. O governo paulista pagou 500 milhões de reais pelo que contratou até agora.

 

O contrato da Fiocruz é de R$ 1,1 bilhão para pouco mais de 100 milhões de doses (R$ 10 a doses, contra R$ 14 da Coronavac). Mas até agora a Fundação Oswaldo Cruz não tem nenhuma vacina, nenhum insumo nem a tecnologia. Muito menos a garantia de quando receber a carga, se receberá.

 

O atraso se deve ao congestionamento de pedidos feitos aos laboratórios, que precisam atender os mais de 50 países que já começaram as suas vacinações? Ou, à parte essa enorme demanda, traduzida em bilhões de dólares, o governo chinês está dando a sua resposta aos ataques que sofreu de Bolsonaro e sua gangue, com a participação específica do seu ruinoso chanceler?

 

Se houver esse componente na atitude do governo chinês, como garantir a aplicação da 2ª dose da vacina aos que já receberam a 1ª dose? Se, no prazo de até três semanas, eles não forem vacinados outra vez, a imunização será perdida e tudo terá que começar do zero, com prejuízo material, dano moral e uma repercussão negativa difícil de avaliar.

 

Era isso o que Bolsonaro pretendia quando atacou levianamente a China e sabotou o combate à covid-19 em bases racionais, técnicas e científicas? Se não houve deliberação consciente para atingir esses fins, a incompetência de Bolsonaro já será suficiente para tirá-lo do comando do Brasil. Já.




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