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Pobre Amapá
Durante quatro dias, 700 mil habitantes do Amapá ficaram inteiramente no escuro. A causa do “apagão” é simplesmente inacreditável. Um raio atingiu a subestação de energia da capital. O equipamento deveria ter proteção para esse tipo de acidente natural. Não tinha. O transformador principal e o auxiliar deveriam ter impedido a desativação da central. Não impediram.
Mesmo assim, a reativação imediata teria que ser assegurada pela redundância dos equipamentos. Não havia essa duplicidade. Por fim, uma equipe técnica no local deveria agir imediatamente para restabelecer o funcionamento da subestação o mais rápido possível. Nem isso aconteceu.
O Amapá só começou a ser reconectado ao sistema integrado nacional, a partir das três hidrelétricas do rio Araguari (uma estatal e duas privadas) em conexão com a hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, graças á mobilização de técnicos da Eletronorte e da Eletrobrás, transportados por avião da FAB junto com os equipamentos necessários, a partir da sexta-feira.
O prejuízo material foi grande. O imaterial, difícil de ser calculado, pelos dramas e privações que acarreta aos seres humanos, se revelará muito maior se for devidamente apurado por investigação oficial, dos órgãos de controle do setor (o NOS e a Aneel), mas também pelo Ministério Público e a Defensoria, além dos particulares que tomarem essa iniciativa.
Todas as demandas devem se dirigir contra a LMTE, subsidiária da multinacional espanhola Isolux Corsan, vencedora da concorrência pública para a linha, em 2008. Ela é a concessionária e responsável por todo sistema. O acidente revela novamente a falta de investimentos e de manutenção adequada nas extensas linhas de transmissão de energia que atravessam o Brasil, principalmente do Pará e de Rondônia para o sul do país, com mais de dois mil quilômetros de comprimento.
Como o Amapá fica longe demais do centro do poder nacional, o presidente da república não se deu ao trabalho de ir ver a situação e a imprensa tratou do grave acontecimento com desinteresse e desconhecimento de causa.