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O geólogo Vanderlei
Quem não soubesse quem era Vanderlei Rui Beisiegel jamais saberia quão importante ele foi para a história da geologia na Amazônia e no Brasil. Com seu jeito de matuto do interior paulista, nascido em Tietê, em 1942, ele parecia estar sempre mascando um tabaco imaginário.
Mas seu olhar era atento e os cantos franzidos da boca mal continham seu humor e ironia. Vanderlei dava tudo por um bom causo. Causos foi o que não faltaram na sua vida, que o maldito coronavírus acaba de encerrar prematuramente, para imensa tristeza e indignação de todos que tiveram a honra e o prazer de desfrutar da convivência de Vanderlei.
Ele veio para Belém em 1969 com uma missão: chefiar a pesquisa da Companhia Vale do Rio Doce, que se associava à United States Steel numa empresa, a Companhia Meridional de Mineração, que continuaria o desenvolvimento da mineração no local que abrigava a melhor jazida de grande porte de minério de ferro do planeta: Carajás.
A Steel, então a maior mineradora do mundo, descobrira dois anos antes essas enormes jazidas, das quais se tornou única proprietária. Os militares não aceitaram esse fato, exigindo a participação da CVRD, que era estatal e ficaria sozinha a partir de 1977, quando a Steel foi indenizada e se retirou.
De 1969 a 1991, quando se aposentou, Vanderlei foi personagem participante da história da formação da província mineral de Carajás, com longas jornadas de campo. Esse conhecimento íntimo e profundo o tornou uma das maiores autoridades no tema. Infelizmente, só um livro seu, Carajás: geologia e ocupação humana, foi publicado em 2006, numa parceria que poderia ter sido evitada para que ele tratasse apenas da Amazônia.
Infelizmente, grande parte do que Vanderlei sabia, ele a transmitiu oralmente, nas muitas conversas que ele gostava de travar com os amigos. Agora, eles têm o dever de recolher as contribuições de Vanderlei e consolidá-lo numa publicação que dê aos contemporâneos uma noção viva e concreta do que ele representou para a região, que passou a amar – como poucos.