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Bolsonaro: o risco Brasil
O rei francês Luís XIV cunhou a frase modelar do absolutismo: "O Estado sou eu". A frase do presidente Jair Bolsonaro para demarcar o fim da sua tolerância em relação ao STF, dita ontem, foi: "Acabou, porra".
Bolsonaro não conseguirá ingressar na fraseologia mundial, nem na brasileira; talvez nos dicionários de citações escatológicas. Mas sem dúvida o espírito que baixa nele é o mesmo do rei-sol. Todos os atos são legítimos ou ilegítimos, legais ou ilegais, conforme o interesse de ocasião do presidente. Se o desagrada, ele modifica seus juízos. O que antes aprovava passa a ser um absurdo, um abuso, algo intolerável.
Como os inquéritos que o Supremo Tribunal Federal conduz ou as investigações da Polícia Federal. Se eles saem da bitola bolsonarista, são atos de lesa majestade, já que o Estado é o presidente. Assim, o presidente vai espalhando crises que, de pessoais, de políticas, ele metamorfoseia em institucionais. Diz coisas cada vez mais irracionais e mentirosas, mas fala diretamente para o seu público, os seus apoiadores, as milícias que se vão formando, cada vez mais radicais, fanáticas, irracionais e perigosas.
O Brasil suportará essa paranoia coletiva ardilosamente induzida?