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Síndrome do vice

Lúcio Flávio Pinto - 23/01/2019

General Mourão, vice-presidente da república - Créditos: Gazeta On Line

O jornalista Mário Rosa escreveu, na edição de do portal Poder 360, uma carta aberta ao general Hamilton Mourão, no dia em que ele assumiu a presidência da república, em substituição ao presidente Jair Bolsonaro, que viajou para Favos, na Suíça.

“Isso o coloca numa dupla singularidade. A 1ª vez que um milico foi operado e um vice assumiu, deu xabu. Mas era um paisano, né? Foi com o João Figueiredo, o ‘João do Povo’ [expressão criada por Alexandre Garcia, secretário de imprensa de Figueiredo, para tentar popularizar o general turrão]. O vice quis ser presidente demais e…nunca mais o João confiou nele”.

Embora se declare “autor do prefácio do primeiro plano de gerenciamento de crises do Exército Brasileiro”, Rosa omitiu que na sucessão constitucional do marechal Costa e Silva (o “seu” Arthur da propaganda política), segundo presidente depois do golpe de 1964, o vice-presidente foi impedido de assumir o cargo. Era o mineiro Pedro Aleixo, que, como o anterior, o também mineiro José Maria Alkmin (vice do marechal Castelo Branco), era advogado, ex-parlamentar e civil.

Quem assumiu, em mais um golpe dentro do golpe, no endurecimento crescente do regime, foi a junta militar, formada pelos comandantes das três forças armadas.

A complicação que pode resultar de um general, enquanto vice de um capitão, ambos da mesma arma, exercer com assiduidade o poder, porque o titular viaja ou ainda vai ser operado, pode maior do que aparenta. Mesmo entre civis nos dois cargos, como serve de ilustração o caso Fernando Collor de Mello/Itamar Franco.




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