Mãos bobas do colandos da UEPA

Lúcio Flávio Pinto - 20/01/2019

A produção das cerimônias de formatura de estudantes está se tornando uma ginkana perigosa.

Seus rituais são cada vez mais competitivos, na busca por originalidade, inventividade, criatividade ou ousadia. O que deveria ser um ato único ou, no máximo, duplo (a diplomação e a festa), se torna múltiplo. A simplicidade e a naturalidade são substituídas pelas normas das empresas de cerimonial. Tudo fica demorado, chato e abusivo para quem escapa à emoção compulsiva e mantém seu senso crítico.

Talvez os alunos do curso de educação física do campus da Uepa em Tucuruí tenham dado - involuntariamente - sua contribuição para estancar essa hemorragia de cerimonialismo - e de dinheiro dos pais. Os homens, compassivamente sentados à frente das colegas, que ficaram em pé atrás, decidiram fazer um sinal com as mãos, juntando a ponta dos dedos e abrindo a palma. A direção da universidade entendeu que eles simulavam o órgão genital feminino, numa linguagem bem chula e popular. Por isso, suspendeu os estudantes e deixou de lhes entregar o diploma, além de instaurar sindicância administrativa para apurar os fatos.

Um professor do curso, Cláudio Borba, deu outra interpretação ao gesto. Sustentou que o gesto dos educadores físicos simbolizou "poder, força, coragem, fertilidade".

Pode-se concluir então que uma interpretação complementa a outra, ao invés de excluí-la. E que os originais formandos se tornaram merecedores - quando não fosse de punição - de reprovação. Com eles, os que transformaram as formaturas numa extensão dos reality shows.

 
 




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