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A cirurgia que é nova esperança contra o câncer de pâncreas, um dos mais letais

BBC Brasil - 19/12/2018

A cada dia, mais de 1,2 mil pessoas em todo mundo são diagnosticadas com câncer de pâncreas , que tem uma das taxas de sobrevivência mais baixas deste tipo de doença. Mas, agora, uma nova técnica pode representar um grande avanço para os pacientes .


O câncer de pâncreas é um dos mais agressivos. Segundo a Sociedade Americana do Câncer, na melhor das hipóteses, a taxa de sobrevivência em cinco anos é de 14%, enquanto no pior dos prognósticos, é de apenas 1%.

Agora, o Hospital Vall d'Hebron de Barcelona, na Espanha, está testando um método pioneiro que pode melhorar essa situação. Chama-se radiofrequência, um procedimento com o qual três pessoas já foram operadas com sucesso.

 

Estes pacientes tinham um tipo específico de tumor, um adenocarcinoma de pâncreas localmente avançado, inoperável com as técnicas tradicionais e cujo tratamento é a quimioterap

 


Por isso, a radiofrequência poderia ser uma alternativa eficaz à quimioterapia na hora de tratar o câncer de pâncreas de pior prognóstico.



Uma técnica inovadora


A técnica consiste em introduzir uma agulha que permite aplicar temperaturas de até 80ºC diretamente na zona tumoral. A alta temperatura queima as células.

 

A agulha também conta com um sistema de refrigeração. "Neste tipo de intervenção, é usado um sistema que permite introduzir fluidos que chegam a zonas como o duodeno, para evitar que se aqueçam em excesso", explica a cirurgiã Elizabeth Pando, do Hospital Vall d'Hebron.


As operações foram realizadas como parte de uma pesquisa liderada pelo Centro Médico Acadêmico da Holanda.

O procedimento já é usado para outros tipos de câncer, como de fígado, rins e pulmão, mas nunca havia sido aplicado ao pâncreas. "O estudo rompe essa barreira", diz Pando.

Avaliava-se, até agora, que a radiofrequência não podia ser usada contra o câncer de pâncreas. O risco seria muito alto dada a localização do tumor, rodeado por artérias e veias maiores.

 

Se os bons resultados forem confirmados, a partir de 2020 ou 2012, o procedimento pode vir a se tornar uma opção para os pacientes que não podem passar por cirurgia.



'Tinha seis meses de vida'

 


Estima-se que cerca de 40% dos casos de câncer no pâncreas sejam diagnosticados já em estado avançado. Os pacientes sobrevivem, em média, oito meses após o diagnóstico.

Após o diagnóstico, só 20% destes tumores podem ser operados. Para 80% dos casos, a única opção até agora era a quimioterapia.



Uma das pacientes operadas com a radiofrequência na Espanha é María José del Valle, que esteve junto com os médicos na semana passada em uma apresentação dos resultados das primeiras intervenções.

 

A paciente é médica e estava em sua casa com amigos quando se deu conta de que seu braço estava amarelo. Após exames, foi diagnosticada com câncer de pâncreas.



Foi oferecido a ela participar do estudo clínico. Aos jornalistas, disse que assinou o termo em que aceitava ser incluída na pesquisa "sem lê-lo". Passou por dois meses de quimioterapia antes de se submeter à nova intervenção cirúrgica.



"Sabia que a taxa de sobrevivência era baixa. Tinham me dado seis meses de vida." Agora, ela diz que seu estado de saúde é "fenomenal".



Até o momento, a técnica só foi usada em pacientes estáveis após alguns meses de quimioterapia. Os médicos pedem cautela, mas estão otimistas.



"Se for provado que é uma terapia eficaz contra o adenocarcinoma de pâncreas localmente avançado, teremos enfim uma técnica que permite um melhor prognóstico para esse tumor tão maligno", conclui o médico Ramón Charco.




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