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CAPS AD atende diariamente 10 pessoas dependentes de crack e álcool em Santarém

Weldon Luciano, com informações da prefeitura de Santarém - 11/10/2018

A dependência química de drogas como o crack e o álcool tem sido considerada a maior vilã da saúde mental em Santarém. De acordo com o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) ela está presente nas 2.800 pessoas registradas junto ao órgão. Mensalmente, são atendidas cerca de 300 pessoas. Diante deste quadro, no dia mundial da saúde mental, comemorado nesta quarta-feira, 10 de outubro, foram realizas oficinas e atividade terapêutica com um grupo de pacientes para tratar sobre o assunto.

“O CAPS AD vem ajudar pessoas que apresentam acometimento em sua saúde mental relacionado ao uso abusivo de álcool, crack e outras drogas. Essas pessoas em decorrência a este uso passam ter alguns transtornos, que pode ser uma ansiedade leve ou até quadros mais graves com depressão, esquizofrenia, transtornos de humor. A pessoa pode nos procurar de maneira espontânea, trazida pela família ou também referenciada por outros serviços de saúde. Temos uma equipe multiprofissional que conta com psicólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional e médico psiquiatra, que vão ajudar a resgatar a qualidade de vida e saúde mental”, diz João Costa, enfermeiro do CAPS AD.  

A unidade é fruto de um convênio entre a Prefeitura e o Governo Federal, por meio do Ministério da Saúde. Os atendimentos fundamentam-se no pressuposto de que o cuidado à usuários de drogas exige condições que respeitem o indivíduo enquanto pessoa, possibilitando sua inclusão social, profissional e familiar, ampliando as ações em saúde mental na sua intensidade e diversidade. Todas as quartas-feiras, cerca de 25 pessoas participam dos grupões através de atividades terapêuticas que ajudam e incentivam a melhoria da saúde mental dos pacientes. A forma de tratar esses casos tem evoluído muito nas últimas décadas, diminuindo cada vez mais a necessidade de internações do paciente.  

“Após a reforma psiquiátrica, a gente mudou a forma de tratar. Passamos a ter um olhar mais humano, sendo uma conquista histórica nas últimas décadas, aonde a pessoa que tem transtornos mentais deixou de ser tratada em hospitais ou clínicas psiquiátricas com internação e passamos a tratar esta pessoa na comunidade, no posto de saúde ou nas unidades de saúde como o CAPS, para resgatar nessa pessoa a vida dela em sociedade. A internação hoje é desmitificada. Temos o serviço de atendimento médico para ajudar pessoas que por ventura estejam em crise, mas em hipótese alguma a gente retira ela do convívio com a sociedade. Claro, que existem casos que, após uma nova avaliação, a pessoa não consegue evoluir com esta forma de tratamento, aí então recomenda-se a ida para uma comunidade terapêutica para que ela possa ter um tempo maior para conter os sintomas da abstinência”.  

De acordo com o enfermeiro, a saúde mental de uma pessoa está relacionada a forma como ela reage às exigências da vida e ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções. “Os motivos que levam as pessoas a serem usuárias de drogas é bem heterogêneo. Existem fatores hereditários ou até mesmo psicológicos, além da vulnerabilidade, os chamados fatores de risco, que a gente trabalha para diminui-los e alertar a sociedade de que é preciso fazer atividades para que elas não sejam acometidas por problemas mentais. Hoje em dia temos fatores como a depressão que agrava ainda mais o quadro. São pessoas que não conseguem enfrentar as adversidades diárias como o desemprego, por exemplo. Elas desenvolvem insônia, pensamentos negativos e outros sintomas relacionados” explica João.  

Quanto ao crack e o álcool, ainda é preciso ter um trabalho mais aprofundado de conscientização. “O crack é uma endemia por estar em todo lugar. A pessoa que faz uso desta droga vai desenvolver sintomas psicóticos e isso é bem grave. O álcool por meio do uso prolongado também apresenta sintomas bem graves. Por ser uma droga lícita e associada ao lazer acaba sendo um dos grandes vilões. Precisamos trabalhar mais a conscientização”, conclui João Costa.  

O Portal  OESTADONE conversou com um dos pacientes em recuperação, que teve sua identidade preservada. Vindo de Oriximiná, ele conta que foi viciado em álcool e outras drogas e que a dependência trouxe várias consequências para a sua vida. “Minha vinda foi devido ao meu vício. Fumei muitas drogas, mas nenhuma delas foi tão nociva quanto o álcool. Pedi ajuda ao CRAS da minha cidade e fui encaminhado para cá. Encontrei profissionais que puderam ajudar a me tornar essa pessoa que eu sou hoje”, diz o paciente.

Ele ressalta também que está há mais de 1 ano sem usar nenhum tipo de entorpecente e retornou ao convívio da esposa, do filho e dos pais. “Tinha perdido minha família. Cheguei a tomar perfume, álcool, leite de rosa e inúmeros produtos tóxicos. Hoje em dia me sinto outra pessoa e agradeço muito por ter encontrado o CAPS. Falo sempre para outras pessoas que precisam que venham e procurem ajuda. A minha maior alegria hoje é poder voltar ao convívio da minha família e de quem amo, sem drogas”, conclui.




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