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24 de outubro: Praça do Centenário comemora 70 anos de história

Weldon Luciano - 24/10/2018

Sentido horário: a igreja de São Raimundo, Ormano Souza e esposa, a fonte e a comissão organizadora dos festejos dos 70 anos -

A Praça do Centenário, mais conhecida como Praça de São Raimundo Nonato, completa neste 24 de outubro, 70 anos de fundação. Na mesma data, Santarém comemora 170 anos de elevação a categoria de município e foi para celebrar os 100 anos deste marco que o logradouro foi erguido em 1948. Cada pedacinho dele conta um pouco da história do bairro e da cidade também.

Para celebrar a data o grupo de Amigos da Praça do Centenário, organizou uma série de atividades culturais de lazer, esporte e cultura. Criado com o intuito de realizar atividades culturais, zelar pelo espaço público e atuar junto à prefeitura municipal pela sua conservação, o grupo vem buscando com muito esforço fazer com que o espaço não seja esquecido. Entre as atrações, bandas musicais e uma exposição de fotos antigas aonde é possível ver até mesmo a ata de fundação.

“Essa programação vem sendo pensada desde outubro do ano passado quando iniciamos a mobilização do grupo de amigos da praça do centenário, visando não só as comemorações, mas também visando a utilização da praça através de pequenas ações. A praça é um marco muito importante para a cidade, mas tem sido esquecido pelo poder público”, diz Janderson Pereira, um dos coordenadores do grupo.  

Apesar de não ser morador do bairro, o jornalista e professor Ormano Souza é um frequentador antigo da Praça. Foi no local que ele conheceu a esposa. “Para mim é uma lembrança muito emocional, pelo fato de que aqui namorei com quem estou casado até hoje. Vivi aqui um momento de juventude, embora fosse morador do bairro Santa Clara, eu vinha para cá nos períodos de festa. O Arraial daqui sempre foi um dos mais movimentados e concorridos da cidade. É uma praça bucólica que lamentavelmente o poder público não vem dando a atenção que ela merece. Tem sido referencial da cidade, foi um marco do centenário da elevação da categoria, mas não é somente por isso. Aqui tem uma riqueza arquitetônica que só são preservados graças ao esforço dos moradores do bairro”.

Janderson Pereira ressalta que o local representa a própria história do bairro. Segundo os moradores a igreja foi erguida em 1940 e a praça surgiu oito anos depois com a presença do então senador Magalhães Barata, do prefeito municipal Aderbal Tapajós Corrêa e diversas outras personalidades. “A Aldeia era um bairro que reunia índios, escravos a periferia de uma maneira geral e aqui digamos, que tenha sido erguida a primeira praça fora do eixo central da cidade. Já havia a igreja de São Raimundo e aquele espaço em frente à igreja, conhecido como largo de São Raimundo, foi aproveitado para dar lugar a um espaço de lazer e cultura”.

Além de nomear a rua que passa em frente à Praça, o 24 de outubro é especial na história da cidade não só por conta do centenário. Durante muito tempo foi a data em que se comemorou o aniversário da cidade até a pesquisa histórica e projeto de lei dos anos 80 que determinou o dia 22 de junho, data da chegada de João Felipe Bettendorff, como a data do aniversário que é comemorada até hoje.

No centro dela ainda permanecem os canhões e o fosso que durante anos abrigaram quelônios e jacarés, o que lhe rendeu o apelido de “Praça do Jacaré”. Atualmente os animais já não vivem mais ali, apenas na lembrança de quem viu. “Lembro deles quando eu era criança. Ficavam no fosso e eram alimentados pela própria comunidade. Naturalmente, por medida de segurança, a presença deles ali foi proibida. É algo que ainda é lembrado por muita gente”, diz Ormano Souza.

A praça também tem traços da história da comunicação no estado. Nela permanece erguida a estátua “O Jornaleiro”, obra do artista plástico Laurimar Leal e 1976 que celebrou o centenário do Jornal “A Província do Pará” (1876-1976). O evento contou com a participação de personalidades como os políticos Benedito Magalhães, Ubaldo Correa e Paulo Lisboa, além do jornalista Milton Andrade e Graça Gonçalves, a colunista social que mais tempo atuou na região e faleceu em maio deste ano.  

Até os anos 80, o 24 de outubro era comemorado com o aniversário da cidade. Após a pesquisa do maestro Isoca (Maestro Wilson Fonseca) foi mudada a data para 22 de junho. Mas, a praça continua sendo um marco da história da cidade com elementos da época dos portugueses com a presença dos canhões na praça, o jornaleiro que foi erguido pelo Laurimar Leal na década de 70.




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