Poupança banpara abril 2024

Rurópolis e Itaituba passam a ter prioridade de rota de exportação de grãos, ignorando porto de Santarém

Da Redação, com informações da SEMAS - 08/05/2015

Acesso de carretas transportando soja em direção à estação de transbordo da Bungue, em Miritituba. Foto: Paulo Leite -

Desde que começou a operar sua Estação de Transbordo de Cargas (ETC), em Miritituba, distrito de Itaituba, no ano passado, com destino ao porto de Barcarena, a multinacional Bungue concretizou a estratégia do governo federal de transformar o trecho de 820 quilômetros da Br-163, desde Guarantã do Norte(MT) até Rurópolis(PA) em um corredor de transporte da soja produzida no Centro-Oeste brasileiro, encurtando a rota original de mais 370 km que originalmente se estendia até o porto da Companhia Docas do Pará, em Santarém.

Em Santarém, a ampliação da estrutura portuária do municipio está envolvida em polêmica. São três projetos de terminais de uso privado na área de preservação ambiental do lago do Maicá. Um da empresa Embraps, que pretende movimentar 433 carretas duplas por dia, para exportar 7 milhões de toneladas de soja por ano. Um outro, o da empresa Ceagro, que pretende transportar 3 milhões de toneladas de grãos por ano, em 116 carretas por dia. Por fim, uma terceira empresa, a Cevital, para transportar ração animal, óleos vegetais, fertilizantes e óleo diesel.

Mas enquanto em Santarém há resistência à instalação de novos portos, esta semana, três projetos de Estações de Transbordo de Cargas (ETCs) foram apresentados em Rurópolis, durante audiência pública que recebeu 750 pessoas. Os projetos estão localizados em Santarenzinho, entre os municípios de Rurópolis e Itaituba. O evento foi coordenado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), através do titular do órgão ambiental, Luiz Fernandes Rocha. Os projetos Tapajós, Rurópolis e Santarenzinho, respectivamente de responsabilidade das empresas Companhia Norte de Navegação e Portos – Cianport; Transportes Bertolini e Odebrecht TransPort são voltados para movimentação de produtos agrícolas e cargas gerais.

Rodrigo Veloso, representante Odebrecht TransPort, falou da provável atração de novos investimentos, após a implantação desses três empreendimentos, que vai criar melhor infraestrutura local. Daniel Bertolini, diretor da Transportes Bertolini, compartilhou sobre a pretensão em instalar a ETC para receber, armazenar e transportar grãos, além do trabalho com cargas gerais, que é o foco da empresa, para trazer produtos de outros estados para o Estado do Pará. Luiz Antonio Pagot, da Cianport, frisou a importância do que está acontecendo hoje no município, destacando que as três empresas estarão integradas na força tarefa do desenvolvimento social com sustentabilidade, através de um convênio com a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Hidrovia do Tapajós (Atap) e a Prefeitura de Rurópolis. Qualificação da mão de obra local, especialmente de Rurópolis e da área de influência dos Projetos também foi enfatizado.

O coordenador dos Estudos de Impacto Ambiental dos projetos, Felipe Fleury, da empresa Ambientare, apresentou um resumo dos impactos, benefícios e programas vinculados à implementação dos empreendimentos, e defendeu que apesar dos impactos, deve ser considerado o desentrave da logística nacional e criação de novas rotas para exportação. “As motivações das empresas para se instalarem na região é aproveitar o potencial logístico do Norte, a integração dos modais fluvial e rodoviário, que pode trazer desenvolvimento para o Estado”, disse Fleury.

O titular da Semas, Luiz Fernandes Rocha, esclareceu aos presentes sobre a articulação que está sendo feita com outros órgãos do Governo, como a Secretaria de Segurança Pública, de Educação e a Fundação Propaz, além dos poderes públicos locais, de Rurópolis e Itaituba, com o objetivo de identificar os maiores problemas locais e atuar de forma conjunta na resolução dessas questões sociais e ambientais.

Também estiveram presentes no local os secretários adjuntos de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Thales Belo, e de Gestão e Recursos Hídricos, Ronaldo Lima; a diretora de Licenciamento Ambiental da Semas, Sylvia Santos; a Gerente de Projetos de Obras Civis e Infraestrutura da Semas, Edna Corumbá; a equipe de Licenciamento da Semas, responsável pela análise técnica do empreendimento; o secretário de Estado de Transportes, Kléber Menezes; o prefeito de Rurópolis, Pablo Genuíno, além de outras autoridades municipais, estaduais e federais.

Após essa audiência pública, a análise do projeto continuará e será submetido ao Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) para deliberação sobre a concessão ou não da licença prévia pela Semas, que atesta a localização e a viabilidade sócio-ambiental do empreendimento. As próximas etapas são as licenças de instalação e operação, que só serão concedidas mediante cumprimento das condicionantes da licença anterior. Por um prazo de dez dias úteis, a contar da data da realização da audiência pública, a Semas receberá comentários, manifestações e sugestões que serão anexados ao respectivo processo administrativo de licenciamento do empreendimento, através do protocolo na Semas ou pelo e-mail geinfcla@gmail.com. A próxima audiência sobre os mesmos projetos ocorrerá no município de Rurópolis em data a ser definida.




  • Imprimir
  • E-mail