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Comunidade quilombola denuncia impactos ambientais sofridos por conta da mineração em Oriximiná. MRN nega danos e propõe agenda positiva

Weldon Luciano - 06/12/2018

Lúcia Andrade, autora do livro e a mesa de debates sobre qualidade da água na área de influência da MRN -

A atividade de mineração em Oriximiná, oeste do Pará, vem trazendo alguns impactos ambientais. Embora os estudos técnicos da empresa Mineração Rio do Norte apontem o contrário, moradores ribeirinhos e quilombolas relatam que o local sofreu grandes alterações. Grande parte destes relatos, feitos por integrantes da comunidade remanescente quilombola de Boa Vista, estão presentes no livro: “Antes a água era cristalina, pura e sadia - impactos socioambientais da mineração em Oriximiná”, que foi apresentado em Santarém, na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). De autoria da pesquisadora Lúcia Andrade, o livro tenta dar visibilidade aos impactos da mineração em Oriximiná, principalmente na questão da qualidade da água para consumo humano.

 

“Ele atende a uma demanda das comunidades ribeirinhas quilombolas que vem percebendo esses impactos e vem sofrendo com dificuldade no acesso a água potável ou ao peixe. Ele reúne o relato e as evidências que elas identificam que demonstram essas alterações”, disse Lúcia durante o encontro que reuniu representantes da comunidade, acadêmicos e sociedade civil organizada.  

 

Em nota enviada ao Portal OESTADONET, a Mineração Rio do Norte (MRN) esclarece “que realiza periodicamente o monitoramento da água nas áreas de influência de suas operações e afiança que a qualidade da água nessas áreas é própria para o consumo humano, e está rigorosamente dentro dos parâmetros legais”.


Ainda segundo a nota, a MRN garante que “ está sempre aberta ao diálogo e entende que a Agenda Positiva [ que a mineradora propõe criar] ajudará a construir novas percepções sobre o tema, além de esclarecer a respeito dos processos de monitoramento da qualidade da água que realiza e seus resultados. A empresa estará sempre pronta a corrigir qualquer problema observado, desde que seja de sua responsabilidade”.

 

Na nota, a MRN ressalta “que outros eventos e atividades econômicas desenvolvidas na região podem influenciar a percepção da comunidade sobre a qualidade da água, e que essas atividades também devem ser acompanhadas e monitoradas pelas comunidades, organizações sociais e poder público.”

 

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA AQUI.


 

Risco de barragens- A publicação também chama a atenção para o risco das barragens da Mineração Rio do Norte. “Atualmente, são 25 barragens de rejeitos e novas devem ser construídas. A comunidade não tem nenhum treinamento para lidar com situações de risco. Queremos mostrar isso e a importância da participação da comunidade e que ela esteja preparada para este tipo de situação”.

 

O olhar ribeirinho no meio em que vive

 

Mesmo que não tenha qualificação científica, o morador da região afetada, por ser profundo conhecedor de do lugar e das dinâmicas que nela se manifestam, pode apontar mudanças ao longo das décadas em que o projeto minerador está estabelecido em Oriximiná. Segundo a autora, foram feitas mais de 40 entrevistas com comunitários. Eles indicam como o volume do igarapé diminuiu muito, como certas espécies de peixes que eram abundantes não são mais encontradas. As denúncias feitas foram repassadas para a direção da Mineração Rio do Norte para que fosse apuradas.  

 

“Fizeram uma demonstração de limpeza da caixa de água e foi possível ver que a água armazenada ali sai da cor da bauxita, por exemplo. A partir destes relatos, reunimos com a empresa, mostramos os dados e solicitamos que ela apure. Não basta a empresa dizer que nos seus estudos está tudo bem. Temos outras evidencias que comprovam o contrário e que precisam ser apuradas para tomar providências necessárias”, conclui Lúcia Andrade.   




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