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Falta de troco gera dificuldades no comércio de Santarém

Weldon Luciano - 13/11/2018

Comerciantes e consumidores de Santarém, oeste do Pará, estão enfrentando dificuldades na hora de efetuar a compra ou venda de produtos por conta do troco. O principal motivo é a escassez de moedas e o maior desafio é manter uma quantidade que seja suficiente para atender os consumidores. Placas com a frase “precisa-se de moedas” tem se tornando comum em muitos estabelecimentos comerciais. Nele fica o apelo para as pessoas, que por algum motivo, retenham as moedas, que possam trocá-las nos caixas.

O trabalhador assalariado que recebe sua remuneração nos caixas eletrônicos sempre sairá das agências com notas de R$20, R$50 e R$100. Quando ele faz as comprar do mês vai se deparar com preços fracionados com R$9,99, R$ 7,34 ou R$ 12,71 e troco caba sendo uma dor de cabeça.

“A questão de não haver troco em todos os lugares acaba irritando. Farmácia, mototáxi, supermercado e muitos outros lugares que a gente passa diariamente e a pergunta que sempre me fazem é se eu tenho trocado ou moeda. Já perdi muito tempo durante uma compra, esperando o troco, já recorri a outros clientes no estabelecimento para trocar dinheiro e fazer a compra de um produto e já desistir de fazer uma compra por não haver o troco. São situações que são corriqueiras e muito constrangedoras. Muitas vezes a gente recorre ao uso do cartão e faz a s compras no débito automático, mas nem sempre o estabelecimento possui a maquineta”, ressalta a autônoma Caroline Araújo.

Rosivane Marques, operadora de caixa de um mercantil localizado no bairro da Aldeia confessa que geralmente não tem moedas para devolver ao consumidor. A demanda diária requer estoques de moedas de 10, 25, 50 centavos e 1 real que em determinado momento vão se esgotar.  “Chega ao ponto de não haver uma moeda sequer no caixa e ficamos em uma situação muito difícil. A gente sempre dá um jeito, mas a sensação que temos é que as moedas somem. Conseguimos aquele pouquinho e logo em seguida elas voltam a desaparecer”.

Ela relata ainda que sempre busca o entendimento com o cliente para solucionar da melhor forma quando há um impasse por conta do troco. “Não acontece com tanta frequência, mas a gente já teve caso de não conseguir concluir a venda porque não tinha como passar o troco e o cliente desistiu. Quando o cliente chega a gente pergunta sempre se ele tem dinheiro trocado. Às vezes ele até tem, mas não quer dar ou quer trocar um dinheiro maior e não repassa pra gente as cédulas menores ou moedas. Às vezes para facilitar a gente dá um desconto e a gente segue no esforço para satisfazer o cliente”, concluí Rosivane.  



Retenção de moedas é o maior vilão


O hábito de guardar as moedas é comum e muitos clientes quando recebem o troco guardam em um cofrinho com o objetivo de fazer economia. Só que, até as moedas coletadas gerarem o valor desejado, elas ficam sem circular no mercado e fazem falta gerando todos os transtornos citados. Segundo o economista José de Lima, se esses pequenos valores deixados para trás forem colocados de volta no mercado, podem ajudar tanto os clientes quanto comerciantes. “Existem pessoas que passam meses juntando moeda para comprar algo no fim do ano. Crianças em casa que juntam dinheiro no cofrinho para comprar algo para o papai ou a mamãe, por exemplo.

O economista analisa que a política do Banco Central para a fabricação de moedas não sofreu tanta alteração nos últimos anos. Atualmente, se fabrica 10% a mais do que se fabricava a cinco anos atrás. “O Banco Central amplia a base monetária de acordo com a produção bruta do país. A quantidade de moedas tem que ser equivalente a quantidade de bens produzidos e vendidos a preço de mercado. O que lastreia o produto é a moeda. Se o Banco Central produzir mais moedas do que produtos, as pessoas vão passar a ter mais dinheiro em casa e tendo mais dinheiro aumenta os preços do mercado e causa a inflação, por isso há um controle do Banco central sobre isso”, explica Lima.

Ainda de acordo com o economista, a solução para estes problemas está no uso das boas práticas entre clientes e vendedores. “A gente orienta as empresas a criarem mecanismo para que haja essa boa relação com o cliente, por meio de promoções, descontos ou vantagens que possam incentivar o consumidor a trazer as moedas para destrocar e fazer a moeda circular”.

Cabe as empresas também que mantenham a atenção em seus estoques de moeda. É direito do consumidor receber o troco devido, não sendo obrigado a receber balinhas no lugar de moedas. “É dever do estabelecimento conceder o troco certo, não pode forçar a barra com balas ou qualquer outra mercadoria, sem que o consumidor realmente queira adquirir. É preciso ter bom senso dos dois lados e procurar sempre o entendimento”, conclui Lima.




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