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Fiéis reclamam que obras estão descaracterizando catedral; Paróquia nega

Weldon Luciano - 10/09/2018

Padre Walter, pároco da Matriz, as obras de revestimento nas laterais e as pias batismais retiradas -

Iniciadas em agosto e com previsão para encerrar no fim de outubro, as obras da catedral de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém, oeste do Pará, estão gerando reclamações entre alguns fiéis que alegam que o complexo arquitetônico do prédio está sendo descaracterizado. O pároco da Matriz nega as acusações e garante que todas as mudanças estão sendo feitas para garantir melhor estrutura para aqueles que frequentam o templo.

A retirada das pias com água benta que ficavam nas laterais e a colocação de cerâmica nas paredes gerou polemica e chegou a ser questionada por muitas pessoas. Padre Walter Rodrigues, que é o Pároco da catedral, garante que a reforma está sendo feita de acordo com o que foi exigido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNNB) e as políticas públicas de preservação do patrimônio histórico vigentes no Estado do Pará. Atualmente, o que a igreja tem de original são as paredes e a fachada. Ela sofreu grandes descaracterizações ao longo do tempo, passando por três reformas nos últimos 30 anos.

“As pias com água benta que foram retiradas foram inseridas cerca de 8 anos atrás e não fazem parte do patrimônio histórico. Liturgicamente, elas ficavam em um local que também não é o recomendado e serão realocadas na entrada da igreja para quando o pessoal entrar já tenham acesso a água benta. Isso permitirá que o movimento das pessoas que estejam nas pias para se benzer não atrapalhe a celebração, o que corre com muita frequência hoje”.

Quanto ao revestimento, Walter Rodrigues alega que a pintura também já não apresentava mais as características originais. O objetivo da cerâmica branca é tornar o templo mais limpo, relembrando o aspecto de outros tempos. “Realizamos pesquisas de como era o revestimento antigo e fomos até Óbidos para verificar como foi feita a revitalização da Matriz deste município, que passou por um processo parecido ao nosso. A ideia deste revestimento é remeter a um tempo antigo e tentar aproximar a atual configuração a simplicidade e ao aspecto mais original da igreja anteriormente, que era bem mais limpa”.

Orçada em R$ 500 mil, a revitalização faz parte do planejamento da Diocese  para o centenário do Círio da Conceição, que acontece no mês de novembro de 2018. O recurso foi arrecadado por meio de doações de famílias e empresas. Aproximadamente 30% já foi concluído e além da chamada nave, local aonde acontecem as celebrações, outras cinco salas também estão sendo recuperadas para serem utilizadas em atividades da catequese. O forro foi todo trocado e as centrais de climatização também. Para dar fim as infiltrações, em diversos pontos, o reboco das paredes foi refeito e as calhas foram substituídas.

A fiação elétrica também foi toda reformada. Mais de 100 kg de cabos elétricos foram retirados e substituídos por outros mais modernos garantindo maior economia de energia e afastando o risco de incêndios. De acordo com estudos técnicos, caso esta intervenção não fosse feita, o risco de incêndio seria de 80%. “O diagnóstico era assustador. Haviam muitos fios, alguns ligados e outros não. O risco de incêndio era muito grande e a equipe técnica optou por fazer um novo sistema elétrico, garantindo maior segurança”, conclui Padre Walter.  

Ainda segundo a paróquia esta seria apenas a primeira etapa da revitalização da catedral. A segunda etapa, que ainda não tem previsão para ser executada, deve ocorrer na parte externa, revitalizando a fachada. O projeto deve ser elaborado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Pará (Ipham), conforme determina a legislação vigente.

A catedral é um dos prédios mais antigos da cidade. Sua construção iniciou-se em 1761, na Praça Monsenhor José Gregório, cem anos após a construção da primeira capela da cidade pelo Padre João Felipe Bettendorff. A inauguração da igreja deu-se em 08 de dezembro de 1819. A construção original era dotada de duas torres, similares às atuais, porém levemente menores. A igreja teve sua construção finalizada em 1881, com a conclusão da construção do Altar-Mor e instalação da nova cruz de ferro no alto da igreja. Em 31 de Setembro de 1893 recebeu o título de Catedral. O prédio sofreu então diversas reformas e restaurações, a última realizada no ano de 2012.




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