Poupança banpara abril 2024

Profissões do futuro exigem capacitação e interdisciplinaridade

Portal OESTADONET - 01/05/2018

Interdisciplinaridade é a palavra de ordem para quem está de olho nas áreas mais promissoras do mercado de trabalho para os próximos anos. Entre as que estarão em voga, destacam-se carreiras ligadas a envelhecimento da população, energias renováveis, aquecimento global, infraestrutura e saúde. Todas aliadas à tecnologia. Para celebrar o Dia do Trabalho, o Ministério do Trabalho entrevistou especialistas no assunto e elencou dicas para os brasileiros que buscam sucesso e oportunidades.

De acordo com o diretor-executivo da consultoria global Michel Page e analista de mudanças estruturais no ambiente de trabalho Ricardo Basaglia, a automatização em larga escala viabilizada pela inteligência artificial irá reestruturar praticamente todas as áreas nas quais os trabalhos de lógica repetitiva e linear prevalecem.

Ele também estima que, nos próximos 20 anos, 3% a 14% da força de trabalho do mercado mundial deverá mudar de categoria de empregos. Um dos motivos é a evolução da tecnologia na área da saúde, que gera  maior expectativa de vida e possibilita que as pessoas tenham de quatro a cinco carreiras. O especialista observa que menos de 5% dos empregos atuais são capazes de serem 100% automatizados.

Porém, de cada 10 empregos atuais, em seis deles a tecnologia tem capacidade para automatizar até 30% das atividades desempenhadas. “A tecnologia ajudará a desenvolver habilidades e contribuirá para o processo de individualização do aprendizado profissional. Acredito que vamos sair dos programas formais e tornar as pessoas mais interdisciplinares. Não há como desassociar uma coisa da outra. Essa ponte é fundamental para se ter sucesso”, explica Basaglio.

A mestre  em Psicologia e master coaching da consultoria Rita Brum Master Coach, Rita Brum, acrescenta que, além do autoconhecimento, as profissões do futuro exigirão diversidade. “O profissional não pode ficar restrito à sua formação; é preciso buscar constantemente informações sobre novas demandas e aprender a ser multidisciplinar. A capacitação é essencial, mas também é preciso e avaliá-la permanentemente.

Os profissionais de hoje e do futuro não podem achar que estão atualizados, pois as mudanças no mercado laboral são rápidas, constantes e provocadas pelas demandas da sociedade”, ressalta Rita Brum.

Geração Z muda as relações de trabalho no Brasil

Trazida pela modernização trabalhista, a regulamentação do teletrabalho é um destaque nesse contexto, ao possibilitar que o profissional trabalhe em casa e defina o próprio horário. 

O mercado de trabalho é dinâmico e passa por mudanças contínuas que envolvem os profissionais que o compõem e as relações trabalhistas que mantêm entre si. Essas modificações acontecem nos cenários econômico, social e principalmente tecnológico, e hoje têm como grande protagonista a geração Z, formada por pessoas que nasceram e cresceram em um período marcado pelo uso frequente da tecnologia e que vêm provocando transformações e novos padrões de atuação no mercado.

Um exemplo é o web designer Deivison Amorim, 25 anos, que há seis meses mudou-se para a cidade de Chiang Mai, na Tailândia, conhecida como a capital dos nômades digitais - pessoas que trabalham remotamente. Deivison continua atendendo empresas brasileiras virtualmente. "Todo o meu networking é do Brasil. Atendo empresas de Brasília e São Paulo e sempre aviso sobre a questão do fuso horário por causa das reuniões, mas isso não é uma barreira", explica.

Recentemente, a modernização trabalhista regulamentou o teletrabalho, conhecido como trabalho à distância ou home office, realizado longe do estabelecimento do empregador, por meio da utilização de tecnologia. Com essa opção é possível trabalhar de casa e definir o próprio horário.

"Essa forma de trabalho já era realidade para muitos brasileiros, mas não contava com uma regulamentação adequada. A nova legislação trabalhista regulamentou o teletrabalho, trouxe segurança jurídica e vai abrir novas oportunidade de emprego", explica o ministro do Trabalho, Helton Yomura.

Para o especialista em gestão empresarial e coordenador do curso de gestão de RH da Faculdade Unyleya Vilson Sérgio de Carvalho, a Geração Z é "antenada, pensa rápido e possui habilidades tecnológicas que dão a eles uma competência diferenciada no mercado de trabalho, mas, em contrapartida, é uma geração silenciosa, que tem dificuldade de relacionamento social". Ele ressalta: "Hoje temos mudanças no mercado de trabalho que são interessantes para esses profissionais, como o trabalho home office, que lhes possibilita desenvolverem seu trabalho individualmente, cumprirem suas atividades com rapidez, sem precisarem se relacionar. Mas é uma geração que precisa de muito aprendizado no que diz respeito às habilidades interpessoais e ao trabalho em equipe".

Deivison Amorim argumenta que a sua geração não quer apenas trabalhar para uma empresa que tem determinada visão do mundo, mas trabalhar com significado e colocar sua personalidade no trabalho e na forma de se relacionar. Além de disso, ele acredita que as pessoas têm a necessidade de investir em algo pessoal não apenas por necessidade financeira, mas ideológica também. "Quando você começa a trabalhar online percebe que existem muitas maneiras de empreender online, e descobre que existe uma infinidade de oportunidade nesse mundo virtual. Eu sinto que há espaço e que posso imprimir minha personalidade e levar minha forma de pensar para o mundo, assim como outras empresas fizeram".

De acordo com a nova legislação, a prestação de serviços no formato home office deverá constar expressamente no contrato individual de trabalho, que especificará as atividades a serem realizadas pelo empregado. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem como o reembolso com despesas arcadas pelo empregado, serão obrigatoriamente prevista em contrato escrito.

Reforma trabalhista contribui para perda de direitos e fere prerrogativa de defesa dos trabalhadores, diz advogado

Portal OESTADONET

Primeiro de maio é uma data emblemática. Nesse dia é comemorado o Dia do Trabalhador. No entanto, desde 11 de novembro de 2017, está em vigor a Lei nº 13.467, de 13/07/2017, que altera a Consolidação das Leis Trabalhistas de 1943, em vigência desde a Era Vargas. As mudanças não foram bem recebidas por uma parcela significativa da população, principalmente quem ganha até um salário mínimo, já que as mudanças nas relações de trabalho impactaram diretamente nas relações entre empregador e empregado. Direitos como Férias, FGTS e Seguro-Desemprego foram mantidos, mas com mudanças na sua efetivação. As alterações também implantaram e regulamentaram novas modalidades de trabalho, como o home office (trabalho remoto) e o trabalho intermitente (por período trabalhado). 

De acordo com o advogado Tiago Borges, especializado em Direito Trabalhista, a reforma foi um duro golpe para a classe de trabalhadores. "A Reforma nada mais foi do que uma série de medidas que cancelaram diversas conquistas dos trabalhadores brasileiros, vindas desde a Era Vargas. Foram diminuídos direitos e piorando e muito a situação do trabalhador brasileiro. Essas medidas foram aprovadas por pressão e influência do grande empresariado nacional, das grandes elites, que estavam num anseio de poder demitir e contratar com mais facilidade", analisa o advogado.

Segundo o profissional, muitos pontos polêmicos foram aprovados. Ele cita, por exemplo, o trabalho de colaboradoras grávidas em locais insalubres, o trabalho intermitente, a prevalência do contrato de regras individuais entre patrão e empregado, sobre os acordos de convenção coletiva. "Como advogado, eu digo que o trabalhador foi quem saiu perdendo. Não houve discussão com a sociedade. Essa Reforma que veio maquiada sob uma propaganda de que ampliaria o mercado de trabalho, facilitaria a vida do trabalhador, na verdade veio dificultar e muito a questão de os trabalhadores buscarem seus direitos na justiça. O Brasil já estava numa situação muito ruim, devido a crise econômica, com a reforma trabalhistas as pessoas de baixa renda e que ganham um salário mínimo ou até aquelas que não tem uma renda significativa ficaram quase que impedidas de buscar seus direitos no Judiciário, hoje em dia, se o trabalhador não pode demonstrar sua hipossuficiência econômica ou se perde uma demanda trabalhista, na maioria das vezes ele é obrigado a pagar, até em co-participação com o advogado, a sucumbência do processo", relata.

O advogado afirma que a reforma não foi discutida com os diversos setores da sociedade, entre elas a OAB. "Os trabalhadores mais uma vez saíram perdendo. Hoje, 1º de maio, os trabalhadores têm pouco a comemorar. Eu como advogado vejo que a classe jurídica, que labuta no direito do trabalho, também se vê entristecida, porque nós vemos que as leis trabalhistas, que realmente precisavam de uma transformação, mas não dessa forma como feito sem a participação ampla da sociedade, à revelia da OAB, dificultando e muito a defesa dos direitos e as nossas prerrogativa de defender nossos clientes. Hoje, os advogados se encontram acuados perante a própria lei que não é favorável aqueles que são poucos favorecidos. Hoje, a classe política está fazendo de tudo para retroagir a direitos tão claros conquistados por toda sociedade brasileira", declarou.

 




  • Imprimir
  • E-mail