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De informativo à Almanaque: saiba como o Programa da festa da Conceição tornou-se uma tradição

Weldon Luciano - 08/12/2018

Entre os diversos elementos que fazem parte da tradicional festa da Padroeira da Diocese de Santarém está o Programa da Festa. A publicação anual que circula há mais de um século no período em que se celebra a padroeira, Nossa Senhora da Conceição, tem sua importância devidamente reconhecida por jornalistas, escritores, professores, acadêmicos e o público em geral.

De acordo com Renisson Vasconcelos, que coordenou a equipe que preparava o programa da festa nos anos 2000, trata-se de publicações históricas de imensa contribuição para a cultura de Santarém. “Desde que deixou de trazer somente a programação da festa de nossa padroeira, o Programa tornou-se um importante instrumento de pesquisa da parte de estudantes e professores, uma vez que, além do conteúdo religioso é possível ler em suas páginas artigos sobre a história, literatura, poesia, teatro, artes plásticas e eventos marcantes”.

Para Cristovam Sena, diretor do Instituto Cultural Boanerges Sena (ICBS) as publicações foram aproveitadas com sabedoria como um almanaque de história da festa e da cidade que contou ao longo do tempo com um time de notáveis que se revezaram na elaboração do conteúdo como Wilson Fonseca, Emir Bemerguy, Wilde Fonseca, Raul Loureiro e outros. Essa turma tinha a missão de escrever sobre algum tema que tivesse relação com a festa e que pudesse ser publicado. Nem mesmo o advento de meios eletrônicos tiram o interesse dos colecionadores pelas revistas.

“Antigamente a expectativa de receber o programa da festa era muito maior. Hoje fomos invadidos por uma infinidade de veículos e informações por todos os lados. As gerações mais novas se ligam mais nos meios eletrônicos e não mais em revistas ou meios físicos de leitura. Eu ainda vivo até hoje essa expectativa de adquirir o programa porque sou colecionador. Alguns que eu não tinha eu consegui cópias da coleção pessoal do historiador Wilde Fonseca (Dororó) e assim foi possível aumentar o acervo”, ressalta Cristovam.

 

Uma tradição que antecede ao Círio

 

Embora não seja possível afirmar com exatidão o ano em que circulou pela primeira vez, sabe-se que já existia bem antes da realização do primeiro Círio em 1919. Os relatos são de que ele já existia em meados do século XIX. O maestro e historiador Wilson Fonseca afirma em artigo publicado no Programa de 1990 que chegou a possuir um exemplar da festa de 1896, que foi ofertado a Paulo Rodrigues dos Santos “ao tempo em que ele completava as suas pesquisas para a conclusão do seu monumental livro Tupaiulândia”.

 

 

Ainda de acordo com o maestro Isoca “até 1960, o Programa cingia-se a informações de horários das práticas religiosas e profanas, dos itinerários da Transladação, Círio e Procissão, completando-se com extenso relacionamento dos Juízes, Diretores e Mordomos, contribuintes com espórtulas para os cofres da Paróquia da Catedral. Nesse ano, Frei Vianney Miller assumiu o cargo de Vigário da Paróquia e prometeu nova feição a partir do ano seguinte. Na edição de 1961, já haviam matérias sobre fatos históricos de Santarém. Em 1967 a obra ganhou o formato de revista e já em 1972 surge com nova roupagem, trabalho de impressão em off-set executado pela Grafisa de Belém".

As primeiras capas coloridas surgiram na década de 1970. A partir de 1984, o Programa da Festa passou a ser impresso e editado, salvo poucas exceções, na Gráfica e Editora Tiagão, o que se deu até 2013. Em 1997, sob a direção do Pe. Carlos Antônio Almeida Figueiredo, a revista passou a ser publicada com páginas inteiramente coloridas.

Conforme apurou a reportagem do Portal OESTADONET, existem dois grandes acervos destas publicações. Um deles é o acervo da Diocese que fica exposto no Museu de Arte Sacra, ao lado da catedral, onde é possível encontrar o exemplar de 1957 como o mais antigo. Outro acervo, só que particular, é do pesquisador Cristovam Sena, que possui 92 publicações, desde 1926 até 2017 e que pode ser consultado na sede do ICBS.




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