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Medicamentos abortivos estão sendo comercializados por redes sociais em Santarém

Weldon Luciano - 14/08/2018

Medicamentos abortivos de venda proibida no país podem ser adquiridos facilmente através de sites de compra e venda na internet. Durante a semana, OESTADONET realizou uma pesquisa em redes sociais destinadas para a de compra e vendas de produtos, como a “OLX Santarém comprar, vender, trocar, usados e novos”, e foi possível encontrar um perfil chamado Bruno Souza, que possui caraterísticas de ser um pseudônimo, ou seja, um perfil aonde o usuário da rede na vida real é outra pessoa, que  acaba omitindo a identificação verdadeira para praticar meios ilícitos e dificultar sua localização.

No anúncio virtual, poucas informações, somente o necessário para atrair possíveis compradores sem chamar muita atenção. A publicação feita na segunda-feira(13), por volta das 9h da manhã trazia a seguinte mensagem: “Gravidez indesejada? Chamar no Chat”. A publicação foi retirada logo em seguida. OESTADONET tentou contato com um dos administradores do grupo no Facebook por meio do chat para saber se eles estavam cientes da publicação e se tomaram alguma providência a respeito, mas até o fechamento da matéria não obteve retorno. Horas depois, na capa do grupo, uma mensagem foi emitida justificando a ausência de alguns conteúdos, com a seguinte mensagem: “Parte do seu conteúdo foi sinalizada porque talvez esteja violando nossos padrões da comunidade”. Isto evidencia que alguém pode ter denunciado a postagem.

Segundo o farmacêutico Cristian Diniz, o crescente uso da tecnologia tem sido usado como uma forma eficiente de distribuir tais medicamentos, visto que eles são proibidos em farmácias ou drogarias. O farmacêutico alerta que além de não comprarem ou incentivarem este tipo de comércio ilegal, as pessoas precisam formalizar denúncias para que os órgãos competentes possam agir da melhor forma.  “O ideal é que as pessoas ao terem contato com este tipo de publicação nas redes sociais façam a denúncia para a vigilância sanitária ou para o próprio Conselho Regional de Farmácia ou medicina”.

 

 

Cristian alerta que alguns medicamentos tarjas pretas que são comercializados podem ter o efeito abortivo, como os que são usados como antidepressivos ou no tratamento da anorexia. Há uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a 344/ 1998 que determina que este tipo de medicamento só deve ser vendido mediante a apresentação e retenção da receita médica. A comercialização ilegal destes produtos pode ser considerada como tráfico de drogas. O uso com fins abortivos podem trazer sérios risco para a saúde da mãe e da criança, pois existem casos em que o além do aborto não ser concretizado, o feto sofre graves consequências.

“O uso do abortivo, principalmente no primeiro trimestre de gravidez pode ocasionar alguns problemas ao feto, entre eles a síndrome de Moebius, em que a criança desenvolve paralisa facial ou má formação nos membros. A mãe está sujeita a náuseas, vômitos e um aumento da contração uterina que podem ocasionar hemorragias”, diz Cristian.

O Cytotec, um dos medicamentos mais comuns no mercado, foi criado para o tratamento e prevenção de úlceras gástricas, que são grandes feridas que surgem no estômago, mas ao longo do tempo descobriu-se que ele poderia ser usado como abortivo. No medicamento há a substância chamada misoprostol, que ao ser administrado por via vaginal serve para induzir o parto em mulheres com dificuldades para ter dilatação e para expulsar fetos presos no útero após abortos naturais. Desde 1998, a comercialização para o público em geral é proibida no Brasil e só pode ser exclusivamente para uso hospitalar. 

O Cytotec entra geralmente pela fronteira seca do país, pelo Paraguai e pela Argentina, já que nestes países, é de venda livre. Após o contrabando, a internet acaba facilitando com que os criminosos entreguem o produto diretamente na mão do consumidor o que pode ser um risco ainda maior.




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